Enfoque: Ferida racial dos EUA piora com coronavírus provocando mais de 100.000 mortes

2020-05-29 10:52:28丨portuguese.xinhuanet.com

Washington, 28 mai (Xinhua) -- Três incidentes raciais que despertaram preocupações em todo o país este mês mostram que a ferida racial nos Estados Unidos está piorando em meio à epidemia do coronavírus, que já custou mais de 100.000 vidas no país.

Em Minneapolis, a maior cidade do Estado de Minnesota, no centro-oeste, George Floyd morreu sob custódia na noite de segunda-feira logo depois que um policial branco o imobilizou com o joelho em seu pescoço, embora o negro de 40 anos pedisse repetidamente: "não consigo respirar", e "por favor, não consigo respirar". A maneira do policial de lidar com o homem não é aprovada pelo departamento local da polícia.

Várias centenas de manifestantes, cantando e carregando faixas que diziam "Não consigo respirar" marcharam em Minneapolis na noite de terça-feira e entraram em choque com a polícia, depois que um vídeo com a prisão de Floyd se espalhou nas redes sociais no início do dia, informou a mídia local.

Em 2014, um celular gravou um negro desarmado, Eric Garner, repetidamente dizendo "não consigo respirar" quando um policial de Nova York o segurou com uma chave-de-braço antes de sua morte sob custódia. Deste então, o apelo se tornou um grito de guerra nas manifestações contra a má conduta policial no país inteiro.

O presidente norte-americano, Donald Trump, chamou na quarta-feira a morte de Floyd de "muito triste e trágica", dizendo que "a justiça será servida" em seu caso.

"Quero ver justiça para George Floyd ... Quero ver a acusação do oficial de prisão acontecer", disse na quarta-feira Jacob Frey, prefeito de Minneapolis.

Também na segunda-feira, no Central Park de Nova York, um homem negro, observador de aves, pediu a uma mulher branca que encoleirasse seu cachorro conforme as regras do parque. A mulher se recusou e chamou a polícia.

Enquanto o homem filmava em seu telefone, a mulher disse com uma voz crescente: "vou dizer a eles que um homem afro-americano está ameaçando minha vida". Durante a discagem, ela repetiu "afro-americano" ao operador duas vezes.

O vídeo também se tornou viral nas plataformas de mídia social dos EUA, evocando intensas discussões sobre a história de falsas acusações feitas pela polícia contra negros, que às vezes colocam suas vidas em perigo.

Dentro de 24 horas, a mulher branca pediu desculpas publicamente e foi demitida do emprego. O homem negro lamentou a proporção que tomou o caso, de acordo com uma reportagem do New York Times na quarta-feira. As duas pessoas nesta história, apesar de diferentes raças e sem conexões, compartilham o mesmo sobrenome.

O terceiro incidente aconteceu no Estado da Geórgia, no sul, onde dois homens brancos atiraram fatalmente em Ahmaud Arbery, um homem negro de 25 anos que corria desarmado na rua.

Arbery foi abatido a tiro em fevereiro, mas os pistoleiros, um pai de 64 anos e seu filho, ficaram em liberdade por mais de dois meses, até que o vídeo capturando o momento do assassinato circulou nas redes sociais no início deste mês, provocando indignação generalizada sobre a desigualdade racial e os levando à prisão por acusações de assassinato e agressão agravada.

"A morte de Floyd é profundamente perturbadora e deve ser motivo de preocupação para todos os americanos", declarou na quarta-feira em um comunicado a Associação de Chefes de Grandes Cidades, que representa os chefes dos departamentos de polícia nas maiores cidades dos EUA.

Dados compilados pelo não-partidário APM Research Lab na semana passada revelaram que o surto do coronavírus agravou a desigualdade racial nos Estados Unidos, pois os afro-americanos sofrem uma parcela desproporcional dos resultados econômicos e de saúde negativos da pandemia.

Com um número de mortos superior a 20.000, ou cerca de um em cada 2.000 da inteira população negra dos EUA, os afro-americanos estavam morrendo a uma taxa de 50,3 por 100.000 pessoas, em comparação com 20,7 para brancos, 22,9 para latinos e 22,7 para asiáticos-americanos, mostraram os dados.

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