Destaque: Aulas de terapia de dança on-line movimenta Cuba durante surto de COVID-19

Por Yosley Carrero

Havana, 11 mai (Xinhua) - Música e uma garrafa de água para se refrescar em meio ao calor excruciante de Cuba é tudo o que Annete Garcia precisa para esquecer da pandemia de COVID-19, pelo menos uma hora por dia.

A estudante de 22 anos, com calça preta, camiseta branca e tênis vermelho, encontrou nas aulas on-line de terapia da dança uma maneira produtiva de matar o tempo livre enquanto fica no apartamento localizado em Cerro, um distrito da capital de Cuba, Havana.

"Ao invés de ficar na cama o dia inteiro assistindo séries de TV, prefiro fazer terapia de dança para perder peso e me manter saudável durante o confinamento", disse ela à Xinhua.

"A música me faz voar".

Como Garcia, centenas de pessoas em Havana e em outros lugares participam das aulas de terapia de dança ministradas por Daniel Perez e Briant Ravelo, estudantes da Universidade Manuel Fajardo de Ciências da Cultura Física e Esporte, que transformaram um terraço na cobertura em Havana em área de dança.

"Geralmente, produzimos um vídeo que inclui diferentes movimentos e instruções de dança. Depois, publicamos nas mídias sociais para serem compartilhados com cubanos e pessoas do mundo inteiro", diz Perez.

Perez e Rovelo são membros do projeto "Viva Mais", que foi fundado em 2017 com o objetivo de capacitar as pessoas através da prática esportiva e da cultura física.

"Podemos ajudar as pessoas reduzindo o estresse em meio à crise de emergência em saúde, enquanto desfrutam dos ritmos contagiantes da música cubana. A internet tem sido fundamental para divulgar nosso trabalho", diz Ravelo.

Uma pesquisa conduzida pelo Centro Cultural Juan Marinello, em Havana, descobriu que a música é a melhor escolha para a maneira como os cubanos passam seu lazer, em um país com mais de 20 gêneros musicais nativos.

Músicos cubanos e instituições culturais em todo o país aderiram a uma iniciativa global para realizar shows on-line durante o surto de coronavírus.

Aixar Hernandez, líder da banda de salsa "The Express of Cuba", diz que a terapia de dança oferece às pessoas a oportunidade de agitarem partes de seus corpos que elas normalmente não se movem quando trabalham no escritório ou ficam em casa.

"Não esticamos os braços, sacudimos os quadris ou giramos os ombros, a menos que dancemos. A música cubana contribuiu muito para o espírito da terapia da dança em todo o mundo", diz ele.

A terapia da dança ganhou espaço na Europa nos anos 70 e se espalhou pela América Latina e pelo Caribe, onde se fundiu com as culturas locais.

Uma competição nacional de dança-terapia realizada em Cuba reúne anualmente milhares de pessoas de 168 municípios do país.

O médico cubano Leonel Suarez, que trabalhou por quase uma década na Universidade Manuel Fajardo, diz que a terapia de dança ajuda as pessoas a se protegerem de diabetes, câncer, ataques cardíacos e doença de Alzheimer.

Até o momento, Cuba registrou 77 mortes por COVID-19 e 1.783 casos confirmados.

Como academias e centros esportivos fecharam devido à pandemia de COVID-19, os cubanos usando plataformas digitais para aulas de terapia de dança até que a vida volte ao normal.

"As pessoas podem perder entre 500 e 1.000 calorias em uma sessão", diz Suarez. "Esportes e dança são essenciais para o povo cubano".