Governo brasileiro admite pela primeira vez possibilidade de lockdown para frear expansão da COVID-19
Rio de Janeiro, 6 mai (Xinhua) -- O ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, admitiu pela primeira vez que o lockdown (bloqueio total) "será necessário" em vários lugares para frear a expansão do novo coronavírus (COVID-19), depois que o país estabeleceu nesta quarta-feira seu segundo recorde consecutivo de aumento diário de óbitos (615).
"Haverá locais nos quais o lockdown será necessário, haverá locais nos quais poderei pensar em flexibilização. O que é preciso é que paremos de tratar isso de uma maneira radical, para que tenhamos tranquilidade de poder implementar em cada lugar do país a melhor coisa a ser feita naquela situação", declarou Teich à imprensa.
Esta é a primeira vez que o governo federal brasileiro admite a possibilidade de decretar alguns bloqueios totais no país para ajudar no combate ao vírus.
Teich, que assumiu o cargo mês passado em substituição a Luiz Henrique Mandetta, demitido por Bolsonaro porque o presidente discordava de sua defesa do isolamento social, afirmou que não é "a favor nem contra" o lockdown e que sua pasta está "desenhando" cenários e trabalhando para melhorar o recebimento dos dados dos hospitais e tentar entender melhor "o nível de incerteza" que existe com relação aos números de óbitos e casos confirmados.
"O importante é que mapearemos, criaremos uma matriz, com casos novos, infraestrutura, evolução para ver como está a região. Não significa ser contra ou a favor, mas sim, ver o que é correto. Haverá lugares com lockdown, outros sem", disse o ministro da Saúde.
Teich reiterou que "o ideal" para o Brasil seria ter a capacidade de realizar testes e um controle amplo da sociedade para não ter que adotar "medidas mais radicais do que necessitaria".
Enquanto o Ministério da Saúde analisa a situação, pelo menos dois governos regionais já adotaram o lockdown: em São Luis, capital do Maranhão (nordeste), e sua região metropolitana, a Justiça decretou desde ontem um bloqueio total válido por uma semana, enquanto no estado amazônico do Pará, o governador decretou a partir de amanhã o lockdown da capital Belém e municípios próximos por 10 dias.
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