Destaque: Politização do coronavírus é desperdício do tempo na batalha contra pandemia
Beijing/Washington, 6 mai (Xinhua) -- Uma vez que o novo coronavírus se espalha pelo mundo, politizar o surto não eliminará o vírus. Em vez disso, essa luta global exige colaboração.
VÍRUS NÃO SINTÉTICO
Muitos pesquisadores descartaram que o vírus tenha sido criado ou desenvolvido em laboratório, com estudos genéticos mostrando que ele tem uma fonte natural, evolução e uma transmissão provavelmente de animal para humano.
A hipótese de que um vírus foi criado em um laboratório na cidade de Wuhan, no centro da China, parecia "uma visão de conspiração que não se relaciona com a ciência real", comentou Jean-François Delfraissy, imunologista e chefe do conselho científico que aconselha o governo francês sobre a COVID-19, em uma entrevista à televisão francesa BFM TV.
A China foi a primeira a relatar o surto do coronavírus, que atingiu Wuhan, no final de dezembro. Mas isso não significa necessariamente que a China ou Wuhan sejam a origem do novo coronavírus.
O The New York Times informou na quinta-feira que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, e outros funcionários de alto nível do governo Trump pressionaram as agências de inteligência norte-americanas a "procurarem provas para apoiar uma teoria infundada" de que um laboratório de Wuhan era a origem do vírus.
"A Comunidade de Inteligência também concorda com amplo consenso científico de que o vírus da COVID-19 não foi produzido pelo homem ou geneticamente modificado", disse um comunicado divulgado na quinta-feira pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos.
Sobre uma possível liberação acidental do vírus no laboratório, um artigo publicado na sexta-feira pelo The Washington Post disse que, apesar do "intenso escrutínio" da comunidade de inteligência dos EUA, as origens do vírus permanecem obscuras. "Enquanto analistas de inteligência e muitos cientistas veem a teoria de origem em laboratório como tecnicamente possível, nenhuma evidência direta surgiu sugerindo que o coronavírus escapou das instalações de pesquisa de Wuhan".
"Muitos cientistas argumentam que as evidências se inclinam firmemente para uma transmissão natural: uma interação ainda desconhecida no final do outono que permitiu que o vírus pulasse de um morcego ou outro animal para um humano", afirmou a reportagem.
POLITIZAÇÃO DO VÍRUS "INFELIZ"
Ainda não há vacina nem cura para o novo coronavírus, muito do qual permanece desconhecido.
Até quarta-feira, havia mais de 3,66 milhões de casos confirmados de COVID-19, com mais de 257 mil mortes no mundo, e 1,2 milhão de casos nos Estados Unidos, com mais de 71 mil mortes, mostraram os dados da Universidade de Johns Hopkins.
A cooperação internacional em pesquisa do vírus é urgentemente necessária para facilitar o desenvolvimento rápido de tratamentos - vacinas ou medicamentos. Os cientistas alertaram para a possibilidade de que a epidemia pode voltar, acrescentando a incerteza tanto em saúde pública como em economia.
No entanto, em vez de concentrar esforços em salvar vidas e meios de subsistência, políticos de alguns países, especialmente dos Estados Unidos, tentaram tornar convenientemente a China como o bode expiatório por suas próprias falhas no combate ao surto do coronavírus.
"Alguns fatos são amplamente aceitos", disse Robert Lawrence Kuhn, presidente da Fundação Kuhn, à Xinhua em entrevista na sexta-feira. "A relutância inicial de Trump em prestar atenção aos primeiros avisos da comunidade de inteligência americana sobre a então iminente epidemia estava provavelmente enraizada em sua preocupação de que uma queda na economia derrubaria sua reeleição."
"Os assessores de Trump e os republicanos no Congresso buscaram culpar a China pela pandemia em parte para desviar as críticas à má administração de crise pelo governo dos Estados Unidos, que agora tem mais casos de coronavírus do que qualquer outro país", informou o The New York Times na quinta feira.
"Começamos a ver as teorias da conspiração, apontar o dedo para a China e um tipo de politização... É muito infeliz, porque o que precisamos agora é de comunicação aberta com cientistas de todo o mundo", disse Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance, em entrevista à CNN em 27 de abril.
A pesquisa de Daszak ajudou a identificar as origens do surto de SARS. A CNN o apresentou como um dos principais "caçadores de vírus" do mundo.
"Os EUA desperdiçaram todo o mês de fevereiro e o início de março", comentou Richard Horton, editor-chefe da importante revista médica britânica The Lancet, recentemente em entrevista à televisão chinesa CCTV. "É decepcionante ver os políticos norte-americanos dando crédito às teorias da conspiração e promovendo tratamentos não comprovados".
"Devemos estar trabalhando juntos para enfrentar essa ameaça", assinalou ele, acrescentando que é inútil e errado culpar a China pela origem do novo coronavírus.
Em uma carta assinada recém-publicada pelo The New York Times, mais de 70 pesquisadores em saúde pública dos EUA e da China pediram a cooperação entre os EUA e a China no combate à COVID-19.
"As autoridades em Washington, Beijing e outros lugares devem avançar com cautela. Devem evitar infundir a política necessária para reprimir a COVID-19 com táticas projetadas para servir interesses partidários", diz o texto.
As doenças não conhecem fronteiras; as cadeias de suprimentos estão internacionalmente conectadas; e a gestão de crises necessita de colaboração intergovernamental e compartilhamento de dados entre os cientistas, assinala a carta.
Eles também pediram a reconstrução de alianças globais de saúde pública, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), outro bode expiatório da Casa Branca em sua decepcionante resposta à COVID-19.
Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:
Telefone: 0086-10-8805-0795
Email: portuguese@xinhuanet.com