Destaque: "Fire Eye" chinês ajuda Sérvia a detectar coronavírus

Belgrado, 2 mai (Xinhua) - À medida que a Sérvia expande seus testes de COVID-19 para rastrear e conter o coronavírus de forma mais eficiente, a tecnologia chinesa está ajudando com equipamento de ponta.

O novo laboratório Fire Eye, em Belgrado, fruto da criação da empresa chinesa de biotecnologia BGI Group, recebe mais de 2.000 amostras por dia desde quarta-feira.

Ao permitir que a Sérvia aumente significativamente a capacidade de teste diário para cerca de 6.000 amostras em relação à média da semana passada, o laboratório ajuda as autoridades a perceberem que a propagação do vírus está se enfraquecendo, permitindo que ele decida sobre o relaxamento gradual de medidas estritas e a reabertura da economia.

Ao realizar 96.637 testes desde o início da epidemia, a Sérvia registrou 9.362 casos de infecção por COVID-19, com um número de mortos em 189 no sábado.

CONSTRUINDO LABORATÓRIO EM 5 DIAS

O laboratório Fire Eye desenvolvido pela BGI havia sido usado em Wuhan, o epicentro do surto de COVID-19 na China.

O "Fire Eye" recebeu o nome de uma fábula chinesa sobre o Rei Macaco, que podia encontrar demônios disfarçados com a "pupila do olho".

De acordo com a BGI, o Fire Eye, um laboratório de testes de ácido nucleico, é um robô que extrai o ácido nucleico automaticamente, 10 vezes mais rápido que um operador de laboratório e com uma menor margem de erro.

Utiliza uma marcação de código de barras das amostras, a fim de eliminar erros, e possui um nível de biossegurança P2 ou BSL-2, o que significa que suas precauções incluem acesso limitado, treinamento específico no manuseio de patógenos, pressão de ar negativa que isola o laboratório de seus arredores e outras medidas.

O laboratório na capital sérvia surgiu com velocidade milagrosa. Um acordo foi assinado em uma cerimônia virtual em 12 de abril e, três dias depois, o equipamento chegou da China. No dia 20 de abril, especialistas chineses começaram a treinar seus colegas sérvios para trabalharem no equipamento.

"Desde a chegada do equipamento no dia 15 de abril até a abertura no dia 20 de abril, construímos este laboratório em apenas 5 dias", disse à Xinhua, Xiong Tao, vice-presidente da BGI Global Development.

A Dra. Ana Djordjevic, do Instituto de Pesquisa Biológica "Sinisa Stankovic", disse à Xinhua: "Isso é muito importante para a Sérvia, porque antes não havia um laboratório com essas possibilidades técnicas... Não é apenas o primeiro laboratório deste tipo na Sérvia, mas em toda a região dos Balcãs".

DETECTANDO VÍRUS COM O FIRE EYE

Djordjevic é chefe de uma equipe de 10 especialistas dos principais institutos, hospitais e universidades médicas da Sérvia, que trabalham há três semanas ao lado de Xiong e outros cinco especialistas do BGI para aprenderem a operar o laboratório "Fire Eye".

A equipe tem trabalhado em quatro turnos e 16 horas por dia, das 8:00 às 14:00h do dia seguinte, nas últimas três semanas. Quando eles obtiveram as primeiras amostras recentemente, as emoções os dominaram.

"Este é o único laboratório na Sérvia com esse tipo de nível de biossegurança, o que faz as pessoas se sentirem protegidas. Por outro lado, dá à Sérvia a chance de processar um grande número de amostras em um curto espaço de tempo", disse Djordjevic.

Especialistas sérvios disseram que a tecnologia avançada do laboratório "Fire Eye" ajuda a padronizar o processo de teste de COVID-19, garantir a precisão dos testes, agilizar o processo e proteger a segurança da equipe.

Em uma entrevista coletiva na sexta-feira, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, agradeceu aos especialistas da BGI, bem como outras empresas chinesas como Mammoth Foundation e Zijin Copper, que fizeram doações para os laboratórios.

"Temos processado um número fantástico de testes ultimamente... Testaremos ainda mais pessoas... porque queremos oferecer tratamento aos nosso pessoal e não deixá-los morrer. Não poderíamos ter feito isso sem a BGI", disse Vucic.

CONSTRUINDO INSTITUIÇÃO PARA O FUTURO

O laboratório "Fire Eye" em Belgrado é o primeiro de dois a ser instalado pela BGI na Sérvia. O projeto vale mais de 700.000 euros (776.615 dólares americanos), dos quais cerca de 570.000 euros são doados por empresas chinesas.

O segundo laboratório, que será instalado na cidade de Nis, no sul, fará cerca de 1.000 testes de coronavírus por dia, informou o governo sérvio. Com esses dois laboratórios, a capacidade diária de testes da Sérvia será dobrada.

Tornou-se consenso de cientistas e especialistas que testes em larga escala podem ajudar a descobrir portadores de coronavírus mais cedo e impedir que aqueles que são assintomáticos espalhem o vírus.

Além de ajudar a Sérvia a construir sua resposta contra o COVID-19, a construção dos dois laboratórios "Fire Eye", bem como os planos futuros de cooperação com a BGI, devem fortalecer o sistema de saúde do país.

A primeira-ministra sérvia, Ana Brnabic, que supervisionou pessoalmente o projeto, disse na abertura do laboratório de Belgrado no dia 20 de abril que "isso não é apenas de imensa importância para a Sérvia na luta contra a pandemia de COVID-19, mas também uma instituição fantástica para o futuro de nossos serviços de saúde".

"Essas novas capacidades nos colocarão entre os dois principais países da região quando se trata da escala de testes... Também nos permitirá testar amostras de anticorpos e determinar a resiliência de nossa população ao COVID-19", disse Brnabic disse.

A Dra. Jelena Begovic, diretora do Instituto de Genética Molecular e Engenharia Genética da Universidade de Belgrado, concordou que os laboratórios ajudarão a melhorar o sistema de saúde sérvio.

"Até onde eu sei, este é um laboratório único na Europa e ajudará futuramente em pesquisas e diagnósticos de diferentes eventos e doenças epidêmicas. Já estabelecemos um plano sobre o que faremos no futuro quando se trata de pesquisa e diagnóstico, com a ajuda da BGI da China", disse Begovic.