Infecções por coronavírus caem na Itália à medida que quarentena chega ao fim
Roma, 2 mai (Xinhua) - Enquanto a quarentena nacional para combater a pandemia de coronavírus está chegando ao fim, a Itália registrou no sábado uma diminuição de novas infecções, de acordo com os últimos números divulgados pelo Departamento de Proteção Civil.
O número de novas infecções foi de 1.900 nas últimas 24 horas, uma queda em relação ao número de sexta-feira, elevando o número total de infecções, fatalidades e recuperações para 209.328.
Houve 1.665 recuperações adicionais, elevando esse total para 79.914.
O número de mortos registrado no sábado foi de 474, elevando o total para 28.710 desde o início da pandemia na região norte da Lombardia, no dia 21 de fevereiro.
Dos infectados, 1.539 estão em terapia intensiva (queda de 39 pacientes em relação à sexta-feira) e 17.357 estão hospitalizados com sintomas (queda de 212 pacientes). O restante, ou 81 por cento daqueles que deram positivo, estão isolados em casa.
A quarentena nacional, que entrou em vigor no dia 10 de março, terminará em 3 de maio.
FASE DOIS
Falando em uma conferência de imprensa nacionalmente televisionada no início do dia, o comissário-extraordinário para a Emergência de Coronavírus, Domenico Arcuri, explicou o que virá depois da quarentena, no que o governo chamou de Fase Dois.
"Todos devemos estar cientes de que, no dia 4 de maio, começa um desafio ainda mais difícil", disse Arcuri.
Ele comparou a Fase Dois à "segunda metade de uma partida de futebol e, como todos sabemos até agora, ninguém sabe quanto tempo vai durar ou como vai terminar".
"A relativa liberdade que cada um de nós está prestes a ganhar deve ser governada a serviço da proteção da saúde de todos", afirmou Arcuri.
"Distribuímos 26,7 milhões de máscaras na semana passada às autoridades regionais em toda a Itália, com um total de 165,5 milhões de máscaras distribuídas desde o início da emergência", disse o comissário.
Arcuri acrescentou que em maio haverá uma distribuição de 12 milhões de máscaras por dia e que esse número aumentará para 18 milhões por dia em junho, 25 milhões em julho e agosto e 30 milhões quando as escolas abrirem em setembro.
Ele também mostrou protótipos de máscaras infantis decoradas com super-heróis e desenhos animados. "Vamos colocá-los no mercado brevemente".
O comissário disse que garantiu acordos com varejistas e distribuidores, incluindo redes de supermercados, farmácias e drogarias, para que a partir de segunda-feira, as máscaras descartáveis estejam disponíveis a um preço fixo de 50 euro-centavos (55 centavos de dólar americano) mais IVA por máscara.
Elas serão vendidas em 50.000 varejistas pelo país ou em uma loja para cada 1.200 habitantes.
Em meados de maio, as máscaras de preço fixo estarão disponíveis em 100.000 varejistas, ou uma a cada 600 habitantes, disse o comissário.
"Implementamos esse acordo no interesse exclusivo dos cidadãos", afirmou Arcuri. "Ninguém vai perder dinheiro com isso. Todos ganharão a quantia certa, nem mais nem menos".
"A saúde e a proteção individual não têm preço e não devem ser especuladas", disse ele, se referindo aos casos de máscaras sendo vendidas a preços extremamente altos antes que o governo intervenha.
Arcuri também disse que o teste sorológico para anticorpos contra o coronavírus começará na segunda-feira em uma amostra inicial de 150.000 voluntários e 5 milhões de cotonetes esterilizados serão distribuídos nas 20 regiões da Itália nos próximos dois meses.
"Testes e cotonetes esterilizados, prevenção e conhecimento, tempo e espaço, esses são todos os elementos que precisamos para embarcar na Fase Dois de uma maneira mais consciente", disse Arcuri.
"Distanciamento social, máxima higiene pessoal e kits de proteção individual, é isso que integra a segunda metade da partida", afirmou. "Não devemos abaixar nossa guarda".
Arcuri lembrou a todos que "o vírus só se espalha através do contágio, que por sua vez só acontece se uma pessoa infectar outra pessoa. Então, façamos todo o possível para garantir que isso não aconteça".
"Fizemos tudo o que pudemos", observou Arcuri, acrescentando que "a partir de segunda-feira, realmente será com vocês".
ESFORÇOS COMBINADOS
Também neste sábado, a Comissão Europeia, juntamente com Itália, França, Alemanha e Noruega, anunciou o lançamento de um projeto de cooperação global contra o COVID-19.
A iniciativa foi anunciada na Itália no jornal La Stampa, onde o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, publicou uma carta aberta que assinou conjuntamente com o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O objetivo é arrecadar fundos iniciais de 7,5 bilhões de euros (8 bilhões de dólares americanos) para financiar o que os líderes descreveram como "projeto de cooperação global sem precedentes, envolvendo cientistas, autoridades reguladoras, indústria, governos, organizações internacionais, fundações e profissionais de saúde".
"Hoje o mundo está lutando contra um vírus generalizado que dominou países e continente, que trouxe caos e sofrimento ao mundo inteiro", dizia a carta.
"Neste mundo altamente interconectado, o sistema de saúde global é tão forte quanto seu elo mais fraco. Para proteger cada um de nós, devemos proteger um ao outro", observou a carta.
"Nosso objetivo é simples... desenvolver as ferramentas de diagnóstico, tratamentos e vacinas o mais rápido possível e distribuí-las para o maior número possível de pessoas (em ordem) para ajudar o mundo a superar a pandemia", escreveram os líderes.
"Se pudermos desenvolver uma vacina produzida pelo mundo para o mundo, essa vacina será um bem público global único no século 21. Juntamente com nossos parceiros, nos comprometemo a torná-la disponível e acessível para todos", continuou a carta.
"Este é o dever de nossa geração", disseram os líderes, acrescentando que "tecnologias de assistência médica de alta qualidade e baixo custo não são um sonho. Nos últimos 20 anos, vimos que as parcerias públicas e privadas disponibilizaram várias vacinas que salvaram vidas dos mais pobres ao redor do mundo ".
"Ao nos unirmos hoje para apoiar a ciência e a solidariedade, lançamos as bases para mais união amanhã... Inspirados pelos objetivos de desenvolvimento sustentável, podemos redefinir o poder das comunidades, sociedades e cooperação global para que ninguém fique para trás", concluiu a carta.
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