Entrevista: Enviado da ONU diz que luta contra COVID-19 é essencial para estabilidade na região dos Grandes Lagos da África

Nairóbi, 24 abr (Xinhua) - A comunidade internacional deve se unir aos esforços para conter a pandemia de COVID-19 e outros choques externos que possam ameaçar a estabilidade a longo prazo na região dos Grandes Lagos da África, disse um enviado da ONU na sexta-feira.

Xia Huang, enviado especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas para a região dos Grandes Lagos, disse que a luta contra o COVID-19 é imperativa para ajudar a alcançar paz, segurança e prosperidade na região de recursos.

"Hoje, a região dos Grandes Lagos enfrenta desafios exacerbados pela pandemia de COVID-19 e pelo prolongamento da epidemia de ebola", disse Xia à Xinhua durante uma entrevista em Nairóbi.

"De fato, a luta contra a pandemia pode ser uma oportunidade para aumentar a solidariedade e fortalecer a colaboração regional", acrescentou ela.

Xia disse que, no passado recente, a região fez progressos significativos em direção à estabilidade política, crescimento econômico e coesão social, acrescentando que combater a pandemia de COVID-19 e outros choques emergentes garantirá que esses ganhos não sejam reversíveis.

Ele destacou a transição política pacífica na República Democrática do Congo (RDC) e o compromisso dos líderes dos países da região de promoverem a paz, a segurança e a integração econômica como desenvolvimentos positivos significativos para a região.

"No entanto, deve-se mencionar que a estabilização da região depende de várias outras variáveis, incluindo choques externos relacionados à pandemia de COVID-19, progresso na luta contra grupos armados no leste da RDC e cooperação efetiva entre os países da região para abordar as causas profundas da instabilidade", disse Xia, que enfatizou que estava comprometido em apoiar os países da região a enfrentar esses desafios, de acordo com seu mandato e em conjunto com os parceiros regionais.

Durante seu discurso ao Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira, o enviado especial disse que a região dos Grandes Lagos testemunhou um aumento modesto nos casos de COVID-19 em comparação com outras regiões, acrescentando que medidas de contenção como toque de recolher, proibição de voos internacionais e fechamento de fronteiras foram lançadas em tempo hábil.

"Embora encorajadoras, essas medidas devem ser reforçadas", disse Xia ao Conselho de Segurança da ONU.

"Os países da região, alguns dos quais emergem de décadas de conflitos, precisarão do apoio firme e resoluto de membros da comunidade internacional, para lidar e se recuperar de maneira sustentável da pandemia e de suas consequências", adicionou ele.

Mais de 4.766 casos de COVID-19 e cerca de 131 mortes foram relatados na região dos Grandes Lagos, de acordo com as últimas atualizações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Xia disse que a pandemia teve um impacto negativo na saúde pública e em setores críticos da economia, como turismo, agricultura e indústrias extrativas.

Ele elogiou o compromisso dos governos da região dos Grandes Lagos em combater o vírus que paralisou as atividades econômicas que levavam à perda de empregos.

"Os governos da região estão tentando desenvolver ações sólidas para apoiaren suas economias de maneira concertada. Será necessário um maior apoio da comunidade internacional para lidarem com esta crise", disse Xia.

Ele disse que as instituições multilaterais estão coordenando os atuantes nacionais e regionais para fortalecerem a resposta à pandemia de COVID-19, com foco especial na demografia vulnerável.