Cientistas brasileiros descobrem dois fármacos que combatem a COVID-19
Rio de Janeiro, 6 abr (Xinhua) -- Cientistas brasileiros anunciaram nesta segunda-feira terem encontrado dois compostos que podem combater o novo coronavírus (COVID-19) durante testes para detectar medicamentos e drogas já existentes e aprovados para o uso em humanos que possam servir na luta contra o vírus.
Em testes iniciais realizados in vitro, um dos compostos teve resultado comparável ao da cloroquina para inibir a replicação do vírus.
Os testes são realizados pelo Cnpem (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), de Campinas, em associação com a Universidade de Campinas (Unicamp) no estado de São Paulo.
Segundo o Cnpem, inicialmente foram testados 2.000 fármacos, embora uma análise computacional baseada em inteligência artificial reduziu o número para 16, dos quais foram selecionados cinco para testes in vitro.
Um outro composto foi adicionado depois de testes feitos por quimioinformática e inteligência artificial, que apontaram candidatos que podem não ter chamado atenção nos testes computacionais iniciais.
Durante os testes iniciais in vitro -- ou seja, em cultura de células contaminadas com o vírus -- os cientistas notaram que dois deles se mostraram "capazes de reduzir significativamente a carga viral", combatendo o vírus. Um dos fármacos, inclusive, teve um "desempenho númerico comparável ao da cloroquina", segundo o Cnpem.
O Centro não divulgou o nome dos dois medicamentos, embora sejam diferentes dos testados fora do Brasil.
"Revelar nomes de medicamentos que ainda estão em testes pode gerar automedicação da população, o que seria irresponsável de nossa parte. Mas são medicamentos diferentes dos que se mostraram eficazes fora do Brasil e que já estão em testes", explicou Daniela Trivella, coordenadora científica do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências) do Cnpem.
Segundo ela, entre os medicamentos selecionados para a pesquisa há drogas como analgésicos, anti-hipertensivos, antibióticos, diuréticos e outros, que seguiram para testes com células infectadas com o vírus.
No estudo, a cloroquina funcionou como controle positivo por causa da eficácia já mostrada em estudos internacionais nessa fase, mas segundo os pesquisadores, os dois remédios com sucesso no teste inicial se destacam por serem economicamente acessíveis aos brasileiros, bem tolerados em geral, comumente utilizados por pessoas dos mais diversos perfis. Um deles ainda está disponível em formulação pediátrica.
A partir de agora, os medicamentos vão passar por novos testes in vitro por cerca de duas semanas, antes de passar a ser testados em pacientes infectados pela COVID-19.
"Estamos bastante animados com os resultados destes ensaios. Contudo, ainda são resultados in vitro, ou seja, estão em fase de laboratório. Agora seguiremos para avaliações complementares que são fundamentais para que possamos avaliar se esses dois medicamentos poderão ser levados com segurança para estudos clínicos, com humanos infectados. Acreditamos que em cerca de duas semanas teremos novos resultados", afirma Rafael Elias, virologista do Cnpem. Fim
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