Capitão removido de porta-aviões infectado por coronavírus supostamente testa positivo para COVID-19

2020-04-07 11:36:59丨portuguese.xinhuanet.com

Washington, 5 abr (Xinhua) - O capitão Brett Crozier, que comandou o porta-aviões USS Theodore Roosevelt até sua recente remoção pela Marinha por emitir o alarme sobre um surto de coronavírus a bordo, deu positivo para o vírus, relatou no domingo o The New York Times.

O Times, citando colegas da Academia Naval de Crozier, disse que ele possuia sintomas antes de ser dispensado de seu dever no navio de guerra na quinta-feira.

O secretário de Defesa, Mark Esper, disse no domingo que uma investigação sobre as ações de Crozier está em andamento. "Todos os serviços às vezes aliviam os comandantes sem o benefício de uma investigação inicial, porque eles perderam a confiança neles. Certamente não é exclusivo da Marinha", disse ele no programa "Estado da União" da CNN.

O secretário também confirmou que houve 155 testes positivos entre os marinheiros a bordo do Roosevelt, que mais da metade da tripulação foi testada e que não houve hospitalizações.

A Marinha planejava evacuar 2.700 dos cerca de 5.000 tripulantes da embarcação, deixando o restante a bordo para manter a operação do navio. Até sábado, 1.548 integrantes do serviço desembarcaram do navio, e o The Times, citando a associação hoteleira local, disse que pelo menos 400 integrantes adicionais serão transferidos para os hotéis de Guam no domingo.

Crozier enviou uma carta interna de cinco páginas no início desta semana aos oficiais de alto escalão da cadeia de comando, pedindo ajuda do Pentágono para conter um surto de COVID-19 a bordo do Roosevelt, transferindo 90 por cento da tripulação para Guam para quarentena. O navio agora atraca em Guam.

"Não estamos em guerra", escreveu o capitão na carta, que foi divulgada pela primeira vez pelo San Francisco Chronicle. "Os marinheiros não precisam morrer. Se não agirmos agora, estamos falhando em cuidar adequadamente de nossos bens mais confiáveis, nossos marinheiros".

A retirada de Crozier foi anunciada na quinta-feira pelo secretário da Marinha em posse, Thomas Modly, que disse que o capitão permitiu que "a complexidade de seu desafio com o surto de COVID no navio sobrecarregaria sua capacidade de agir profissionalmente quando agir desta forma seria o mais necessário no momento".

"Ao enviá-lo amplamente, ele não teve o cuidado de garantir que não pudesse vazar", disse Modly. "E isso faz parte de sua responsabilidade".

O presidente Donald Trump disse no sábado que apoiou a demissão de Crozier, acrescentando "foi terrível o que ele fez".

Os democratas, no entanto, condenaram a Marinha. Os legisladores democratas no Senado e na Câmara pediram uma investigação sobre o assunto.

Imediatamente após a retirada de Crozier na quinta-feira, os líderes democratas do Comitê de Serviços Armados da Câmara emitiram uma declaração condenando sua deimssão. "O capitão Crozier estava justificadamente preocupado com a saúde e a segurança de sua tripulação, mas não lidou com a imensa pressão adequadamente", disseram os legisladores, acrescentando que "tirá-lo de sua posição é uma reação exagerada".

"Tirar o comandante sem uma investigação completa não vai resolver a crescente crise a bordo dos USS Theodore Roosevelt", disseram eles.

Os senadores democratas, Richard Blumenthal, de Connecticut, e Chris Van Hollen, de Maryland, escreveram uma carta assinada por 15 de seus colegas na sexta-feira ao Inspetor-Geral Interino do Departamento de Defesa, Glenn Fine, pedindo que ele inicie uma investigação formal sobre a resposta da Marinha ao surto de COVID-19 no Roosevelt, bem como sua decisão de demitir o capitão.

"É essencial que seu escritório conduza uma investigação abrangente para evitar possíveis conflitos de interesse na cadeia de comando da Marinha, e recomendamos que você avalie todos os assuntos relevantes associados à demissão e ao surto no navio", eles escreveram na carta.

O ex-vice-presidente, Joe Biden, criticou as ações da Marinha. "Eu acho que é quase criminoso a maneira como eles estão lidando com este homem", disse Biden no domingo no "This Week", da ABC, acrescentando que Crozier "deveria ser elogiado em vez de ser demitido".

Em um tweet de sexta-feira que saudava o capitão, Biden disse que Crozier "era fiel a seu dever, tanto aos marinheiros quanto ao país".

"A liderança da Marinha enviou uma mensagem assustadora sobre falar a verdade ao poder", disse o ex-vice-presidente. "O mau julgamento aqui pertence à administração Trump, não um oficial corajoso que tenta proteger seus marinheiros".

Em um artigo publicado pelo The Times na sexta-feira intitulado "O Capitão Crozier é um Herói", Tweed Roosevelt disse que o que Crozier fez para proteger os marinheiros sob seu comando mostrou um julgamento semelhante ao de Theodore Roosevelt, bisavô de Tweed e 26º Presidente dos Estados Unidos, durante a Guerra Hispano-Americana.

"Nesta época em que tantos parecem colocar a conveniência em lugar da honra, é animador que tantos outros demonstrem grande coragem, alguns até arriscando suas vidas. Theodore Roosevelt, na época, escolheu o caminho honroso. O capitão Crozier fez o mesmo", escreveu Roosevelt.

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