Análise de Notícias: Agricultura da Itália é afetada pelo COVID-19

Roma, 5 abr (Xinhua) - O setor agrícola é uma das partes da economia da Itália autorizadas a operarem com força total, mesmo durante a quarentena nacional por coronavírus. Mas ainda está sofrendo permanecer sob o peso da pandemia global, disseram especialistas.

Em meio à quarentena nacional da Itália, as empresas e indústrias consideradas "vitais" podem continuar operando, desde que sigam certas diretrizes, como o uso de equipamentos de proteção e o distanciamento adequado entre os trabalhadores. Isso permite que os agricultores, pecuaristas, pescadores, viticultores, queijeiros, distribuidores e outras partes da cadeia alimentar do país permaneçam trabalhando.

"Todos nós podemos continuar trabalhando, mas isso por si só não significa que tudo está bem", disse à Xinhua, Ettore Prandini, presidente da principal associação agrícola da Itália, Coldiretti. "Podemos fazer a comida, mas isso não significa que será fácil para as pessoas comprá-la".

Os supermercados permanecem abertos sob os termos da quarentena, mas restaurantes, bares e lanchonetes estão fechados. As exportações também sofreram com a redução dos sistemas de transporte e os principais parceiros comerciais da Itália estão sofrendo da mesma maneira econômica que a Itália está sofrendo.

"Os setores de alimentos que produzem itens que podem ser consumidos em semanas, meses ou anos a partir de agora têm um problema em encontrar maneiras de armazenar seus produtos", disse Prandini. "Mas esse é um pequeno problema em comparação com aqueles que produzem alimentos com prazo de validade curto, como queijo mussarela ou produtos agrícolas não alimentícios, como flores podadas. Essas empresas fazem 70 por cento de seus negócios anuais em março e abril".

Prandini disse que era muito cedo para ter modelos específicos para os impactos econômicos da crise no setor agrícola, mas calculou que isso poderia diminuir as receitas do setor agrícola de 523 bilhões de euros (575 bilhões de dólares americanos) em 60 por cento este ano.

"Esses impactos estão evoluindo em cada semana, mas uma coisa é clara: não será mais fácil para nós do que para qualquer outra parte da economia", disse Prandini.

Segundo Franco Verrascina, presidente da Copagri, uma federação de produtores agrícolas, até a produção agrícola está sendo afetada, apesar das regras que permitem que os trabalhadores ocupem seus postos.

"Há muitos produtores que dizem que os trabalhadores não querem fazer seu trabalho, eles preferem ficar em casa com medo de serem infectados", disse Verrascina em entrevista. "Não há dúvida de que este será um ano perdido para a maior parte da economia, incluindo a agricultura. O ano está apenas começando, mas tudo o que podemos fazer é tentar limitar os danos e esperar um ano melhor em 2021".

Quanto ao futuro, Pradini disse: "Temos uma tremenda capacidade produtiva. É uma demanda baixa. Uma vez que a demanda recomeça, os produtores não terão problemas para atender aos pedidos".