Medidas do governo brasileiro contra COVID-19 superam orçamento de todos os ministérios para 2020
Rio de Janeiro, 3 abr (Xinhua) -- O governo brasileiro assegurou nesta sexta-feira que o valor das medidas anunciadas para combater a doença do novo coronavírus (COVID-19) durante os próximos três meses superam todo o orçamento previsto de todos os ministérios para este ano e que o custo total pode alcançar mais de um trilhão de reais (US$ 190 bilhões).
Em uma entrevista à imprensa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que "todos os gastos que todos os ministérios teriam este ano, cerca de 95 bilhões de reais (US$ 18 bilhões), apenas o programa de ajuda a todos os trabalhadores informais já excede esse valor previsto. Isto é para dar uma ideia da magnitude da ameaça que avançou sobre a saúde do povo brasileiro".
Guedes anunciou que o governo é favorável à aprovação da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, que abre exceções no cumprimento das regras fiscais durante o período de calamidade.
"Possivelmente, as ações (do governo) chegarão a um trilhão de reais, ao longo das próximas semanas ou meses. É por isso que necessitamos não apenas desta blindagem jurídica, mas também de uma blindagem legislativa", explicou o ministro.
Na quinta-feira, o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, assegurou que as medidas de combate à COVID-19 do governo brasileiro podem fazer com que o déficit fiscal deste ano chegue aos 419,2 bilhões de reais (US$ 80 bilhões), o maior rombo nas contas públicas da história do país.
Guedes afirmou que seus cálculos são maiores porque incluem medidas que não impactam necessariamente o custo fiscal, como a suspensão de prazos para o pagamento de impostos e antecipação de transferências, como a que beneficia aposentados e pensionistas.
Segundo o ministro, o auxílio a todos os trabalhadores informais do país, de 600 reais (US$ 115) mensais durante três meses, custará aos cofres públicos 98 bilhões de reais (US$ 18,6 bilhões).
Guedes rechaçou as críticas ao governo por sua demora em reagir e adotar medidas frente ao vírus, ao qualifica-las de "oportunismo".
"A defesa da saúde e do emprego dos brasileiros está acima de qualquer divergência. Dentro de três ou quatro meses, quando superarmos essa crise e atravessarmos o problema de saúde, podem regressar com a balburdia natural de uma democracia. Todo mundo pode criticar todo mundo de nove, mas primeiro, agora, estamos todos juntos porque juntos somos mais fortes", acrescentou.
Brasil é o país da América Latina mais afetado pela COVID-19. Segundo o último balanço divulgado pelo governo, são 359 mortes e 9.056 casos confirmados do vírus no país.
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