Especialista brasileiro destaca que China é referência no combate à COVID-19

2020-03-31 12:55:48丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 30 mar (Xinhua) - A China se tornou um exemplo e uma referência na luta contra a doença do novo coronavírus (COVID-19), segundo explicou o especialista brasileiro, Evandro Menezes de Carvalho, em uma videoconferência nesta segunda-feira.

Menezes de Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi um dos participantes do "Seminário Internacional de Think Tank sobre o Combate à COVID-19", realizado nesta segunda-feira com diferentes representantes.

O brasileiro lembrou que a COVID-19 "tem sido considerada por diversas autoridades internacionais um dos maiores desafios para as nações desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Esta epidemia tem sido considerada pelo governo chinês como a maior e mais difícil emergência de saúde pública do país desde a fundação da República Popular da China em 1949."

"É por isto que o governo chinês considera o combate à COVID-19 um grande teste para o sistema chinês e a capacidade de governança de um país com quase 1,4 bilhão de pessoas. E talvez o combate à COVID-19 seja um grande teste para todos os sistemas políticos de todos os países", comentou.

Como um bom conhecedor da China, Menezes enfatizou que o país "tem se tornado uma referência e um aliado na luta contra a COVID-19" por ter sido o primeiro país a sofrer com o vírus, e enfatizou que o país "tem mostrado capacidade para tomar medidas rápidas e eficazes" que separou em três categorias.

"A primeira, as medidas de contenção da propagação do vírus visando estancar o aumento dos casos de infecção ao isolar a cidade de Wuhan com mais de 10 milhões de pessoas", e também "determinar que todas as regiões de nível provincial cancelassem eventos em massa, suspendessem as viagens de ônibus de longa distância e fechassem pontos turísticos".

A segunda medida que detalhou foi "as medidas para atendimento médico em grande escala, ao construir hospitais em um curto espaço de tempo e enviar para Hubei equipes médicas oriundas de várias partes do país".

A terceira foi "a responsabilidade ao substituir os chefes do Partido na Província de Hubei e na cidade de Wuhan e demitir funcionários locais, que foram relapsos no exercício de suas atribuições e na identificação e controle do vírus".

O especialista brasileiro destacou que "a China também atuou no plano internacional para evitar a propagação do vírus" e que "como membro da Organização Mundial da Saúde (OMS), abriu um canal de diálogo com o diretor-geral desta organização para discutir as ações necessárias para a gestão global no combate da epidemia além de ter doado 20 milhões de dólares para a OMS".

Ademais, destacou que "a ação chinesa também se deu no plano das relações bilaterais. O país forneceu suprimentos médicos e kits de testes para identificação do vírus para a Itália, a República da Coreia e o Japão. Além disso, a China enviou especialistas para o Irã, Iraque e Itália para colaborar com os esforços de contenção da epidemia."

Para Menezes, "algumas das lições aprendidas pela China foram transformadas em medidas jurídicas visando evitar o surgimento de uma nova epidemia e sobretudo aprimorar o sistema de saúde pública", proibindo e punindo "o comércio ilegal de animais silvestres com o intuito de prevenir os riscos à saúde pública".

Segundo ele, a experiência chinesa mostrou que no combate à epidemia é preciso ter "eficiência nas medidas de contenção do vírus, transparência nas informações e no processo de tomada de decisão dos governos e solidariedade entre as pessoas e entre os povos envolvidos".

"Estas três dimensões são importantes para pensarmos os desafios dos sistemas políticos e de governança no plano doméstico e a ação dos Estados nas organizações internacionais para lidar com situações de emergência", destacou.

Menezes alertou que "todos os países parecem ter demonstrado ao menos uma falha em uma destas dimensões no trato do combate ao vírus, cujas consequências têm sido fatais: na eficiência das medidas de contenção do vírus, na transparência das informações e no processo de tomada de decisão dos governos e na solidariedade entre as pessoas e entre os povos envolvidos".

O especialista criticou que "os líderes ineficientes são um desastre para qualquer sistema político. E se torna ainda pior quando ignoram ou fazem pouco caso da ciência. A política nunca terá êxito contra a verdade científica."

Segundo ele, "o mundo provavelmente não será o mesmo após a epidemia, e talvez outras lições poderão ser tiradas desta dolorosa experiência mundial", dentre as quais citou que "os Estados serão forçados a discutirem suas políticas econômicas em razão das pressões sociais internas com os defensores do 'Estado mínimo' perdendo espaço e os defensores de um socialismo adaptado às circunstâncias atuais ganhando mais voz".

Também previu que "a ciência e a tecnologia assumirão uma importância capital para a promoção do bem-estar social e para a garantia da boa governança" e que "a agenda em defesa de padrões de desenvolvimento sustentáveis e que respeite o meio ambiente ganhará novo ímpeto".

Além disso, "a ordem internacional poderá sofrer mudanças substantivas diante da necessidade de se reformar urgentemente as organizações internacionais e fortalecer o papel do multilateralismo, e países como a China poderão ter um papel ainda maior no sistema internacional".

Por fim, criticou duramente "a campanha anti-China", realizada "por políticos importantes dos EUA e Brasil". "Ao apontarem a China como culpada desta pandemia, os governos destes países estão acobertando as suas falhas na gestão da crise, além de assumir um discurso obscurantista que é anti-científico, baseado em teorias da conspiração", disse ele, acrescentando que "não serve para promover a estabilidade internacional".

Menezes concluiu assegurando que o discurso é contra a China, também a democracia. Sob o discurso sinofóbico esconde-se um discurso racista típico dos regimes nazistas e fascistas que as democracias e o comunismo conseguiram derrotar em 1945.

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