Entrevista: Coronavírus fará com que China ganhe em competitividade no futuro, diz especialista brasileiro
Por Chen Weihua e Pau Ramirez
Rio de Janeiro, 16 fev (Xinhua) -- O coronavírus ajudará a China a ganhar competitividade no futuro, pois estará preparada para enfrentar outras situações de emergência, explicou o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Hsia Hua Sheng.
Em entrevista concedida este domingo à Xinhua, o professor Hsia disse que "a China está aprendendo a conviver com essa situação de emergência e estará preparada para evitar essas crises virais no futuro. Essa será outra vantagem competitiva para a China, porque estará preparada para esta situação".
Formado em Economia da Universidade de São Paulo e doutor em Administração de Finanças pela FGV, o especialista brasileiro afirmou que "concorda com as medidas tomadas pela China" para revitalizar a economia do país.
"A política de liberar injeção de dinheiro na economia deve ser usada com urgência para economizar capital de giro das empresas (pequenas, médias e grandes), adiar o pagamento de créditos e dívidas das empresas, diminuindo a taxa de juros apenas para empresas, e criar compensação para emergências em dinheiro", afirmou. Segundo o economista brasileiro, "o governo chinês deve se concentrar em economizar as finanças das empresas".
A esse respeito, ele considera que "as medidas antiespeculação já são suficientes, não há necessidade de injetar dinheiro na bolsa. Os investidores da bolsa perceberão que o efeito do coronavírus passará rapidamente e o efeito negativo é apenas temporário", avaliou.
O professor Hsia enfatizou que para o governo chinês "o foco urgente agora é a regularização das finanças corporativas. Se não salvar as empresas agora, a economia real terá um impacto maior no futuro", alertou.
Sobre o impacto do coronavírus no mercado financeiro, ele comentou que é "temporário. Os mercados europeu e americano já demonstraram isso, não há nada a fazer. O importante é que o governo se concentre na economia real e ajude no capital de giro das empresas agora. Depois disso, a economia real da China voltará ao normal, tudo voltará ao normal ".
Para o economista, "as empresas chinesas devem continuar investindo no exterior, seguindo as regras da iniciativa 'Cinturão e Rota', porque essa iniciativa continuará a ajudar na interação de empresas e multinacionais chinesas com empresas estrangeiras".
O professor Hsia também explicou que "o setor de tecnologia chinês pode mudar para melhorar" com o coronavírus, porque suas empresas "já podem considerar certas situações de emergência como essa no desenvolvimento de novas plataformas (como 'coworking' remoto). Isso acelerará ainda mais o desenvolvimento tecnológico da China".
A curto prazo, os possíveis efeitos do coronavírus podem ser "uma migração do setor de serviços e indústria pouco qualificados para outros países, mas o setor de tecnologia e outros setores que possuem cadeias mais longas continuarão na China e com mais força do que antes, porque a indústria chinesa ganhará uma experiência importante com essa crise e estará preparada para o futuro", concluiu.
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