Presidente do Brasil exonera secretário de Cultura após discurso polêmico inspirado no nazismo

2020-01-18 15:05:07丨portuguese.xinhuanet.com

Brasília, 17 jan (Xinhua) -- O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, exonerou nesta sexta-feira o Secretário de Cultura, Roberto Alvim, que, em discurso divulgado nas redes sociais na noite da quinta-feira, usou frases semelhantes às utilizadas por Joseph Goebbels, ministro de Propaganda de Adolf Hitler durante o governo nazista na Alemanha.

Em um comunicado, Bolsonaro disse que a permanência de Alvim no cargo era "insustentável".

"Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou sua permanência insustentável", afirmou Bolsonaro.

Na quinta-feira, antes da publicação do vídeo de Alvim, Bolsonaro participou de uma live no Facebook ao lado do agora ex-secretário, a quem elogiou ao afirmar que "depois de décadas, agora temos sim um secretário de Cultura de verdade, que atende o interesse da maioria da população brasileira, uma população conservadora e cristã".

Ao anunciar a exoneração de Alvim, o presidente disse também que repudia ideologias "totalitárias e genocidas" e expressou seu apoio à comunidade judaica.

"Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum", afirmou Bolsonaro.

A Confederação Israelita do Brasil tinha repudiado o discurso de Alvim na manhã de sexta-feira e pedido sua saída imediata do governo.

Em um trecho de seu discurso, destinado a anunciar uma série de novos concursos culturais para diversas categorias, Alvim praticamente repetiu um pronunciamento de Goebbels.

"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou o então Secretário de Cultura, que utilizou como música de fundo trechos da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, compositor favorito de Hitler.

O ministro da Propaganda nazista, em um famoso discurso, tinha declarado que "a arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".

O vídeo de Alvim teve uma grande repercussão nas redes sociais e nos meios artísticos e políticos.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defenderam a demissão imediata do secretário.

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