Destaque: Mulher sino-americana transforma carpa asiática invasora em riqueza

Wickliffe, Estados Unidos, 12 dez (Xinhua) - Quando o Natal se aproxima, Angie Yu, 62 anos, está comercializando seus produtos de peixe mais do que o normal. A empresária sino-americana vê a temporada de férias como uma excelente oportunidade para as delícias ganharem maior popularidade.

"Estamos processando a cabeça do peixe com equipamentos de congelamento recém-introduzidos para atender a comunidade chinesa e também estamos desenvolvendo itens, incluindo rissóis de peixe, bolinhos e salsichas para alcançar os clientes dos EUA", disse à Xinhua em uma entrevista recente, Yu, presidente da Two Rivers Fisheries, uma empresa dedicada ao processamento de carpas localizada na cidade de Wickliffe, sede do município de Ballard, no estado americano de Kentucky.

A linha de produtos de peixe, variando de carne de peixe a linguiça de peixe, é sua resposta à invasora carpa asiática, um plano radical para combater a notória praga de carpa com facas, garfos e hashis.

Após a sua introdução nos Estados Unidos na década de 1970 para fins de tratamento de algas e resíduos, a carpa asiática se multiplicou rapidamente e expulsou espécies de peixes indígenas no rio Mississippi e nas águas circundantes.

As autoridades dos EUA e a indústria de peixes temem que a proliferação da carpa asiática para o norte, se não for contida, signifique um desastre para a indústria de peixes de 7 bilhões de dólares americanos da região dos Grandes Lagos.

Yu, que atua no ramo de frutos do mar há mais de 15 anos, sentiu intensamente as oportunidades ao ler relatórios sobre o problemático peixe em 2010.

Ela então se mudou da Califórnia para o condado de Kentucky, no rio Mississippi, para iniciar seus negócios em 2012. "Nossa missão é reduzir, reutilizar e redefinir a carpa asiática", disse Yu, cuja operação contrata mais de 20 pessoas locais.

A empresária se orgulha de sua escolha de local. Como o nome Two Rivers Fisheries indica, sua fábrica fica na confluência de dois rios, Mississippi e seu principal tributário, Ohio. O fornecimento ilimitado de carpas asiáticas e o clima agradável no meio do Mississippi durante todo o ano garantiram o bom funcionamento da empresa.

Depois de receber a carpa dos pescadores locais, a fábrica processa, congela e encaixota os peixes antes de enviá-los para destinos no mundo inteiro.

"O rendimento varia um pouco com a estação. Vimos um rápido crescimento da produção recentemente, com cerca de 1 milhão de libras somente em outubro", disse Yu, acrescentando que cerca de 80 por cento da produção foi exportada para a Europa Oriental e Oriente Médio.

Nos últimos sete anos, a empresa retirou 10 milhões de libras de carpa asiática do rio Mississippi, que foram vendidas para um total de 11 países.

Enquanto avançava no cumprimento de sua ambição de negócios, Yu disse que a jornada nunca foi sem desafios. A falta de pescadores comerciais costumava ser um deles, pois a maioria dos habitantes locais considerava que não havia mercado para a carpa.

Por causa da estrutura óssea complexa, os consumidores dos EUA mostraram pouco apetite pelo peixe, de acordo com Yu. No entanto, o crescimento de seus negócios, impulsionado por uma visão orientada para a exportação e por uma ousada tentativa de inovação, tem ajudado a transformar o cenário.

"Quando chegamos aqui, havia apenas três grupos de pescadores no bairro. Agora, o número saltou para cerca de 60 grupos", disse ela.

Yu disse que a compra de carpa dos pescadores, a contratação de pessoal e o transporte dos produtos representam uma grande parte de seus custos.

No entanto, a empresária prospectiva é bastante otimista quanto às perspectivas, pois acredita no potencial de uma robusta cadeia de processamento de peixes ao longo do rio Mississippi, devido aos seus abundantes recursos aquáticos.

Em abril, Yu, juntamente com vários investidores chineses, lançou o Parque Industrial Internacional de Pesca na região do condado.

O parque industrial de 72 acres dedicado à colheita e processamento de carpas asiáticas atraiu cerca de 10 empresas chinesas para cuidar de longe, disse Yu.

O novo parque industrial, projetado para a integração do processamento vertical, visa produzir produtos de valor agregado com a carpa asiática.

Yu deseja que o parque seja um sucesso em explorar novas oportunidades e atenuar a "crise da carpa".

Todd Cooper, juiz-executivo do Condado de Ballard, elogiou a sabedoria chinesa e a perspicácia nos negócios no desenvolvimento do projeto.

Ele também espera que o novo ramo de negócios ajude a atrair mais empresas chinesas para estabelecer sua presença, uma vez que o desenvolvimento econômico e a criação de empregos são cruciais para a comunidade local, que sofreu anos de falta nos negócios.

"Perdemos empregos por 12 anos seguidos", disse Cooper, acrescentando que o município começou a reverter essa tendência desde 2018, "e vou dizer que é por causa do investimento chinês".

O Parque Industrial Internacional de Pesca deverá criar pelo menos 150 empregos em período integral e muito trabalho indireto e em tempo parcial para pescadores e empresas de construção, segundo estimativas do Gabinete de Desenvolvimento Econômico de Kentucky.

Estatísticas de autoridades econômicas locais mostraram que as empresas chinesas que operam no Kentucky atualmente empregam quase 9.000 pessoas.