(Multimídia) Astrônomos chineses descobrem buraco negro estelar de grandeza inesperada

2019-11-29 10:37:32丨portuguese.xinhuanet.com

Acreção de gás sobre um buraco negro estelar desde sua estrela de companheiro azul, por um disco de acreção truncado (Impressão artística por Yu Jingchuan, Planetário de Beijing)

Beijing, 29 nov (Xinhua) -- Uma equipe de pesquisa liderada por um chinês descobriu um buraco negro estelar surpreendentemente enorme a cerca de 14 mil anos-luz da Terra -- nosso "quintal" do universo -- forçando cientistas a reexaminar como se formam os buracos negros.

A galáxia Via Láctea teria 100 milhões de buracos negros estelares -- corpos cósmicos formados pelo colapso de estrelas massivas e densas ao ponto de a luz não poder escapar. Até agora, os cientistas estimavam a massa individual de um buraco negro estelar em nossa galáxia não superior a 20 vezes que a do Sol.

Mas a nova descoberta derrubou essa suposição.

A equipe, liderada por Liu Jifeng, dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC, na sigla em inglês), detectou um buraco negro com uma massa 70 vezes a maior que a do Sol. Os pesquisadores o chamaram de buraco negro monstro LB-1.

A descoberta foi uma grande surpresa. "Os buracos negros com uma massa dessas não devem nem existir na nossa galáxia, segundo a maior parte dos atuais modelos de evolução estelar", disse Liu.

"Pensávamos que estrelas muito maciças com a composição química típica de nossa galáxia derramavam a maior parte de seu gás em ventos estelares poderosos, quando se aproximam do fim de sua vida. Portanto, não deveriam deixar para trás uma sobra tão massiva. O LB-1 é duas vezes mais massivo do que pensávamos ser possível. Agora os teoristas terão que assumir o desafio de explicar a formação dele."

Até alguns anos atrás, os buracos negros estelares podiam apenas ser descobertos quando engoliam gás de estrela companheira. Esse processo cria poderosas emissões de raios X, detectáveis a partir da Terra, o que revela a presença do objeto colapsado.

A vasta maioria dos buracos negros estelares na nossa galáxia não participa de um banquete cósmico, e deste modo não emite esclarecedores raios X. Como resultado, apenas cerca de 20 buracos negros estelares galácticos foram identificados e medidos com precisão.

Para contrariar essa limitação, Liu e sua equipe pesquisaram o céu com o Telescópio Espectroscópico de Fibra de Objetos Múltiplos da Grande Área no Céu (LAMOST), procurando estrelas que orbitam um objeto invisível, puxadas por sua gravidade.

Essa técnica de observação foi proposta pela primeira vez pelo cientista inglês visionário John Michell em 1783, mas se tornou viável apenas com as recentes melhoras tecnológicas em telescópios e detectores.

Ainda assim, essa busca é como procurar por uma agulha no palheiro: apenas uma estrela em mil estaria circulando um buraco negro.

Depois da descoberta inicial, os maiores telescópios óticos do mundo -- o espanhol Gran Telescopio Canarias e o americano Keck I -- foram usados para determinar os parâmetros físicos do sistema. Os resultados foram fantásticos: uma estrela oito vezes mais pesada que o Sol foi vista orbitando, a cada 79 dias, um buraco negro cuja massa era 70 vezes maior que a do Sol.

A descoberta foi publicada na mais recente edição da revista acadêmica Nature.

Telescópio chinês LAMOST (Telescópio Espectroscópico de Fibra de Objetos Múltiplos da Grande Área no Céu) (Foto fornecida pelo Observatório Astronômico Nacional da Academia Chinesa de Ciências)

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