Cooperação do BRICS tem base sólida e futuro brilhante, diz especialista chinês
Por Lyu Chengcheng
Beijing, 12 nov (Xinhua) -- "A cooperação do BRICS possui uma base sólida e um futuro brilhante", disse Wang Lei, diretor do Centro de Estudos de Cooperação do BRICS da Universidade Normal de Beijing, em entrevista exclusiva à Xinhua.
"TRAÇÃO NAS TRÊS RODAS" PARA COOPERAÇÃO INTENSIFICADA
Após mais de dez anos de evolução, a cooperação do BRICS não se limitou apenas às áreas de economia e comércio, mas alcançou um patamar mais elevado de "tração nas três rodas". Além da cooperação econômica e comercial, a colaboração em segurança política e no intercâmbio interpessoal têm sido destaque, apontou Wang, "Atualmente, o mecanismo se caracteriza por sua estrutura completa, alicerce firme e resultados frutíferos."
Ao comentar à disparidade econômica dos membros do BRICS, ele lembrou que todos os países do bloco, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, são os maiores países em vias de desenvolvimento e que suas economias serão fortes no longo prazo.
"Mesmo que a economia de alguns desses países passem por dificuldades temporárias, as outras duas 'rodas' ainda giram de forma muito rápida", indicou.
Ele ressaltou também que a prioridade do BRICS é ser um representante das posições e demandas das economias emergentes e dos países em desenvolvimento. "Através desta plataforma de colaboração multilateral, os cinco países trabalham em conjunto nos assuntos relacionados à governança global, como por exemplo, a revisão de quotas e a reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, ações contra as mudanças climáticas, a proteção do multilateralismo e de uma economia mundial aberta, bem como a redução da pobreza no mundo."
"É difícil alcançar os objetivos e salvaguardar seus interesse se você estiver isolado", acrescentou.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, o poder de voto do BRICS no Banco Mundial subiu para 13,24%, e a participação no Fundo Monetário Internacional aumentou para 14,91%.
"Além disso, os cinco países do bloco têm forte complementaridade e diversidade na estrutura industrial e cultural, que se trata de uma enorme vantagem e uma forte força motriz endógena para a cooperação. Além disso, também se realizaram conjuntamente jogos esportivos, festivais de cinema e outras atividades de intercâmbio entre o bloco para fortalecer os laços interpessoais e consolidar o grupo", disse ele.
CRESCIMENTO ECONÔMICO PARA FUTURO INOVADOR
A 11ª Cúpula do BRICS terá lugar em Brasília, no Brasil, entre os dias 13 e 14 de novembro, reunindo todos os líderes dos cinco países, incluindo o presidente chinês, Xi Jinping. O tema deste ano, "BRICS: Crescimento econômico para um futuro inovador", abordará principalmente tópicos como fortalecimento da cooperação em ciência, tecnologia e inovação, bem como o reforço da cooperação em economia digital.
Wang disse que o tema deste ano corresponde à tendência de desenvolvimento do bloco e que ela está em sintonia com o consenso alcançado em Joanesburgo em 2018 para a criação de uma parceria para a nova revolução industrial.
"O BRICS hoje em dia exige uma cooperação mais pragmática, pormenorizada e prolongada para realizar a próxima 'década dourada'", apontou, "e os países do grupo precisam fazer mais esforços para aproveitar a era da informação, a fim de liderarem a nova rodada de revolução tecnológica e industrial."
"Em 2016, os países do BRICS assinaram o Programa-Quadro BRICS de Ciência, Tecnologia e Inovação que visa financiar grupos de pesquisas entre o bloco, abrangendo áreas alvo de destaque e cruciais como pesquisa em alto mar, mudança climática, redução de desastres e alívio de pobreza. Além disso, também foram realizadas várias práticas conjuntas em educação, pesquisa científica e tecnologia, como a fundação da Universidade em Rede do BRICS e o Instituto de Redes Futuras do BRICS."
"A cooperação nas áreas de inovação e tecnologia serão o futuro do desenvolvimento do grupo", reiterou ele.
IDENTIDADE DO BLOCO GARANTE CONSENSOS
Desde que a primeira cúpula do BRICS foi sediada no Brasil há quase dez anos, esta é a terceira vez que o país sul-americano sedia a Reunião de Líderes do bloco. Durante esse período, por dez anos consecutivos, a China se manteve como o maior parceiro comercial do Brasil. Wang Lei disse que é a cooperação em torno do BRICS que aprofundou a confiança entre os dois lados e que promoveu o fortalecimento da parceria estratégica abrangente entre a China e o Brasil.
"Há pouco tempo, quando o presidente brasileiro, Bolsonaro, visitou a China, o atmosfera de conversas com o seu homólogo chinês foi muito amigável e positiva, com vários resultados frutíferos. Na ocasião, o presidente Bolsonaro manifestou a posição do Brasil de defender, junto com a China, o multilateralismo e o livre comércio, bem como o mecanismo de cooperação do BRICS." Wang Lei acredita que, devido aos mais de dez anos de intercâmbios e coordenação estreita, os países do BRICS, como a China e o Brasil, já reconheceram sua identidade como membros do BRICS, algo que foi elevado para um consenso a nível nacional.
"Esse tipo de identidade desempenhou um papel enorme na consolidação das realizações existentes da cooperação do BRICS, para que esses consensos e resultados não sejam seriamente afetados pela rotação interna de cada um dos países".
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