Desigualdade entre ricos e pobres no Brasil alcançou seu maior nível em 2018
Rio de Janeiro, 16 out (Xinhua) -- A diferença de renda obtida com o trabalho no Brasil entre os mais ricos e os mais pobre atingiu em 2018 sua maior diferença histórica, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira pelo governo, que aponta que 1% dos mais ricos ganhavam 33,8 vezes mais que os 50% mais pobres do país.
Os dados, apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o rendimento médio do grupo de 1% mais rico do Brasil cresceu 8,4% em 2018, enquanto a renda dos 50% mais pobres caiu 3,2%.
A renda média dos mais abastados foi de R$ 27.744 (US$ 6.685) mensais, enquanto a metade mais pobre do país ganhou apenas R$ 820 (US$ 197).
Trata-se da maior diferença entre os dois segmentos desde 2012, quando a desigualdade começou a ser medida.
Segundo o IBGE, a desigualdade aumentou porque a renda real da metade mais pobre caiu ou subiu menos que o crescimento do grupo de 1%, principalmente nos últimos anos, fruto da recessão econômica e do aumento da precarização do mercado de trabalho, com crescimento dos empregos informais.
"Os mais pobres acabam sofrendo mais do que aqueles com contrato formal ou que são funcionários públicos, por exemplo", afirmou Maria Lúcia Vieira, gerente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), que trata de todas as fontes de rendimento, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE.
Desde o início da série, em 2012, e coincidindo com o aumento da desigualdade, houve uma diminuição do número de domicílios brasileiros inseridos no programa de assistência social Bolsa Família, de 15,9% em 2012 para 13,7% em 2018.
No ano passado, 10% da população com mais renda concentrava 43,1% de toda a massa de rendimentos, enquanto os 10% mais pobres tinham 0,8%.
O índice de Gini, que mede a desigualdade em uma escala de 0 a 1 (quanto mais perto de 1, pior) aumentou em todas as regiões do país e registrou seu maior nível, ao chegar a 0,509.
Em 2018, o rendimento médio mensal de todos os trabalhos no Brasil foi de R$ 2.234 (US$ 540), abaixo do recorde de R$ 2.279 (US$ 549) de 2014. O nordeste, a região mais pobre, é a que tinha os menores rendimentos (R$ 1.497 ou US$ 360), enquanto no sudeste, a mais rica, a média dos salários era maior: R$ 2.572 (US$ 620).
Segundo os especialistas, a desigualdade de renda no Brasil é alta e persistente devido a fatores históricos e estruturais, como herança da escravidão, o patrimonialismo que se apodera dos recursos estatais e empregos públicos, políticas sociais dirigidas aos grupos que menos as necessitam e uma estrutura tributária regressiva, que cobra proporcionalmente mais impostos de quem ganha menos.
"O Brasil tem um histórico de desigualdade bastante elevado e a pesquisa mostra que o problema persiste", afirmou o coordenador de Trabalho do IBGE, Cimar Azeredo.
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