Autoridades brasileiras investigam vazamento de informações sigilosas do Banco Central sobre a taxa de juros

Brasília, 3 out (Xinhua) -- A Polícia Federal do Brasil e o Ministério Público de São Paulo lançaram nesta quinta-feira a operação Estrela Cadente, que investiga o vazamento dos resultados das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizadas em 2010, 2011 e 2012 para definir a taxa básica de juros Selic.

A investigação começou a partir da delação premiada do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci e se refere ao vazamento de informação confidencial sobre mudanças na Selic por parte da cúpula do Ministério da Fazenda e do Banco Central para um fundo de investimento administrado pelo banco BTG Pactual.

Os agentes executaram ordens de busca e apreensão na sede do BTG em São Paulo para reunir novas provas sobre o caso.

Segundo a PF, o banco "teria obtido lucros extraordinários de dezenas de milhões de reais" com informação privilegiada que teria sido passada por funcionários de alto nível do governo.

O Banco BTG disse em um comunicado que recebeu pedidos do Ministério Público relativos a informações sobre transações realizadas pelo fundo Bintang FIM.

"O fundo tinha um único titular de cota individual, um profissional do mercado financeiro que também era gerente credenciado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que nunca foi funcionário do BTG Pactual, nem teve nenhuma relação profissional com o banco nem com nenhum dos seus sócios", aponta o banco.

"O BTG Pactual só atuou como administrador do fundo e não tinha nenhum poder de gestão ou participação", acrescenta o comunicado.

As notícias sobre a Operação Estrela Cadente provocaram uma forte baixa na cotação dos papéis do BTG na Bolsa de Valores de São Paulo, que chegaram a cair até 10%.