STF do Brasil suspende porte de arma do ex-procurador-geral que revelou intenção de matar um dos juízes

2019-09-28 17:07:43丨portuguese.xinhuanet.com

Brasília, 27 set (Xinhua) -- O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, determinou nesta sexta-feira a suspensão do porte de arma do ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot e o proibiu de se aproximar a menos de 200 metros de qualquer ministro da Corte.

A decisão foi tomada dentro do inquérito que apura ofensas e ameaças aos ministros do STF depois de entrevistas concedidas na véspera por Janot, que publicará um livro de memórias na próxima semana, em que revelou que em 2017, entrou armado no STF com a intenção de matar o juiz Gilmar Mendes e tirar a própria vida em seguida.

Além dessa medida, Moraes também expediu mandados de busca e apreensão cumpridos por policiais federais no escritório e no apartamento de Janot, onde foram encontrados uma pistola e três pentes de munição.

Além da arma e munição, Janot entregou celular, tablet e as senhas dos aparelhos.

Em nota divulgada à imprensa nesta sexta-feira, Gilmar Mendes disse lamentar o fato de que "por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas".

O ministro disse ainda que está "surpreso" com a declaração de Janot, recomendou "ajuda psiquiátrica" ao ex-PGR e qualificou o plano de Janot de "tentações tresloucadas".

Os dois mantiveram uma longa disputa enquanto Janot ocupava o cargo, entre 2013 e 2017, com trocas constantes de alfinetadas públicas.

Segundo Janot, o episódio aconteceu em maio de 2017, depois que apresentou um pedido de suspeição de Mendes em um processo que tramitava no STF relacionado ao empresário Eike Batista, porque a esposa dele, Guiomar Mendes, era sócia do escritório que defendia o réu.

Mendes, afirmou Janot, reagiu ao pedido de suspeição "inventando uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato (Construtora OAS). Minha filha nunca advogou na área penal. E aí eu saí do sério", disse Janot ao jornal 'O Estado de São Paulo'.

"Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha", diz Janot em trecho do livro de memórias citado pelo jornal 'Folha de São Paulo'.

O ex-PGR revelou que foi ao Supremo armado, antes da sessão, encontrou Gilmar sozinho na antessala do cafezinho da Corte e só não concretizou o plano porque, no momento, a "mão invisível do bom senso" não permitiu.

Ao determinar medidas contra Janot, o juiz Alexandre Moraes destacou que a intenção de matar um ministro da corte é um fato "gravíssimo" porque "sugerem que aqueles que não concordem com decisões proferidas pelos Ministros desta Corte devem resolver essas pendências usando de violência, armas de fogo e, até, com a prática de delitos contra a vida".

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