Presidente do Brasil considera que aumento de queimadas na Amazônia pode ser criminoso

Brasília, 21 ago (Xinhua) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o recente aumento das queimadas na Amazônia, que resultaram na elevação do nível de desmatamento da floresta tropical, poderia ser causado por uma ação criminosa.

Para o presidente, as ações poderia ser uma reação à suspensão dos repasses do governo a organizações não governamentais (ONGs) e de recursos financeiros de países europeus para o Fundo Amazonas, um projeto de cooperação internacional para a preservação da floresta.

Os principais países doadores do Fundo, Alemanha e Noruega, anunciaram a suspensão de seus aportes depois da publicação das taxas de desmatamento na região.

"O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro", declarou o presidente na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a onda de incêndios na região.

"Então, pode estar havendo, sim, pode, não estou afirmando, ação criminosa desses 'ongueiros' para chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos. Não estou afirmando, mas em minha opinião, há interesse dessas ONGs que representam interesses de fora do Brasil", acrescentou.

Para Bolsonaro, as doações ao Fundo Amazonas, além de estimular a demarcação das terras indígenas e o aumento das áreas de reserva ambiental, são formas de "comprar nossa soberania a prazo".

"As demarcações não são para proteger o índio, mas para deixar intacta a maior parte dessa área para que, no futuro, outros países venham a nos explorar aqui. Com todo respeito a você, me aponte uma árvore plantada com esses recursos bilionários que vêm de fora para dentro aqui? Acha que é um coração muito grande desses países para nos ajudar? Não quer nos ajudar. Todo mundo sabe que não tem amizade entre países, tem interesse", afirmou.

"O que temos na região amazônica o mundo não tem. O mundo cresce a 70 milhões de habitantes por ano, essas pessoas necessitam de algo para se alimentar, evoluir e de onde vem a matéria prima? Desta área", acrescentou.

Bolsonaro declarou que as equipes do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão trabalhando contra os incêndios no Amazonas e que as Forças Armadas atuam como reforço das equipes locais.

"É um crime, o governo não é insensível a isso. Mas temos uma guerra no mundo contra o Brasil, a guerra da informação", afirmou.