Mais bebês chineses recebem o sobrenome da mãe
Yinchuan, 13 mai (Xinhua) -- Cada vez que Ren Ran apresenta sua filha, ele vê a surpresa estampada no rosto das pessoas. No entanto, ele nunca se arrependeu da decisão de dar à filha o sobrenome da mãe dela.
"Um ano atrás, quando a minha esposa deu à luz, a bolsa dela estourou muito cedo e ela teve que receber oxitocina", lembrou Ren. "Ela sofreu por um dia inteiro na sala de parto e eu não podia fazer nada." Por isso, Ren decidiu dar à filha o sobrenome Ding, da esposa, como forma de expressar gratidão e respeito.
"As mães são umas das maiores pessoas do mundo", disse Ren. "Elas passam quase um ano inteiro grávidas e sofrem durante o trabalho de parto."
Tradicionalmente, os bebês nascidos na China herdam o sobrenome do pai. Mas nos últimos anos, cada vez mais chineses começaram a usar o da mãe.
Ren Ran nasceu na década de 1980, depois que a China começou a adotar a política de filho único. A mãe de Ren conhece muito bem as dores e dificuldades de ter e criar um bebê. Então, quando ouviu sobre a decisão de Ren, deu apoio.
"Minha mãe é sempre bastante aberta e acredita que os nomes são apenas nomes", afirmou Ren. "Ela disse que, independentemente do sobrenome que eu escolhesse para a minha filha, ela sempre amaria a neta."
Há milhares de anos, dar a uma criança o sobrenome do pai é o status quo em muitas sociedades. No entanto, uma vez que os valores da igualdade de gênero permeiam as sociedades, é mais comum na China ver diversas opções de nomes para os bebês. A lei do casamento da China também permite que os bebês tenham o sobrenome do pai ou da mãe.
No entanto, a mudança das tradições centenárias não acontece da noite para o dia. Na China, onde os valores dos sistemas patriarcais em uma sociedade tradicionalmente dominada por homens ainda prevalecem, muitos pais dão "sobrenomes compostos" a seus bebês. Um sobrenome composto inclui os sobrenomes do pai e da mãe.
Wang Ying, 33, tem dois filhos. Seu marido é de sobrenome Xu. E exatamente como Ren Ran, Xu nasceu durante a era da política do filho único. Quando o primeiro filho nasceu, o casal decidiu usar um sobrenome composto, pois queria satisfazer o desejo do pai de Xu de "herdar o nome da família". O bebê acabou recebendo o sobrenome Xuwang.
Quando a China suspendeu a política do filho único, o casal teve o segundo filho. O bebê seguiu o sobrenome de Wang.
"Meu sogro tem a mente aberta e decidiu dar o meu sobrenome para o bebê", lembrou Wang. "Meu pai ficou superempolgado com isso."
O bebê foi registrado como Wang Yitong. Yitong, que significa "junto" em chinês, mostra o desejo comum das duas famílias de viver juntos amigavelmente para sempre, expressou Wang.
Segundo um relatório sobre nomes em Shanghai divulgado em março, dos mais de 90 mil nascidos no ano passado, 8,8% pegaram o sobrenome da mãe e 2,5% receberam sobrenome composto.
Em Yinchuan, capital da Região Autônoma da Etnia Hui de Ningxia, no noroeste da China, o oficial de polícia Guo Yanmiao disse que, dos 439 recém-nascidos em seu distrito em 2018, três tinham sobrenome composto, enquanto nove usavam o sobrenome da mãe.
"Quando lidamos com registros de bebês, não é incomum ver sobrenome composto hoje em dia", assinalou Guo. "As pessoas estão mais abertas, e homens e mulheres também estão se tornando mais iguais."
Por outro lado, o fenômeno também gerou alguma controvérsia. No Zhihu.com, um famoso site de perguntas e respostas da China, os defensores dos bebês que usam o sobrenome da mãe dizem que a situação destaca a igualdade de gênero, enquanto muitos dizem que os valores tradicionais não devem ser quebrados.
"Meu bebê com meu sobrenome mostra que o papel das mulheres nas famílias está aumentando", comentou Wang Ying.
"Se um bebê leva ou não o sobrenome da mãe deve ser um consenso entre as famílias", acrescentou ela. "Não deve ser um ponto de conflito."
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