Morte da última fêmea da tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé coloca espécie em risco

2019-04-16 17:52:48丨portuguese.xinhuanet.com

por jornalista Luan Xiang, da Xinhua

Beijing, 16 abr (Xinhua) -- A última fêmea da tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé morreu depois de uma inseminação artificial fracassada no Jardim Zoológico Florestal de Shangfangshan, em Suzhou, Província de Jiangsu, leste da China.

Apenas três animais da espécie permanecem vivos, sendo um macho do jardim zoológico de Suzhou e outro macho no Lago Dong Mo, no Vietnã. A terceira tartaruga, cujo sexo ainda não foi identificado, vive no Lago Xuan Khanh, nos arredores de Hanói.

Com a morte da fêmea, a sobrevivência da espécie está risco eminente, segundo os ambientalistas.

A intervenção humana se provou bastante impotente quando se trata da extinção de espécies, enquanto a proteção dos habitats naturais é o método mais efetivo para preservar a vida selvagem em risco de extinção, disseram especialistas.

Em 12 de abril, uma equipe de pesquisa realizou a inseminação artificial na tartaruga. Por volta das 18h, ela acordou ainda anestesiada mostrando sinais imediatos de anormalidade. Sua morte foi decretada depois de 24 horas de tratamento intensivo.

A tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé é uma das maiores tartarugas de água doce do planeta. O adulto pode ter mais de 1 metro comprimento de casco e pesar mais de 100 quilos. Ela pode viver até 400 anos. Acredita-se que a fêmea tinha 90 anos de idade e era fértil.

A espécie em risco eminente de extinção é conhecida por habitar o Rio Yangtzé e o Rio Vermelho há milhões de anos. Ela é a inspiração da criatura mitológica "Bi Xi" ou "Ba Xia," o sexto filho do dragão na antiga tradição chinesa.

Embora o registro mais antigo da tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé date de 3 mil anos atrás e a imagem de Bi Xi seja comumente vista carregando tabletes antigos nos jardins tradicionais chineses, foi apenas no final de 1980 que a espécie foi reconhecida e diferenciada das outras espécies do gênero rafetus.

Foi em 1988 que Zhao Kentang, professor do Departamento de Biologia do Instituto Normal de Ferrovia de Suzhou, descobriu pela primeira vez as características distintas da tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé. Sua descoberta foi apoiada por outros cientistas chineses em 1994 para que a espécie fosse reconhecida.

Em 2006, um projeto para proteger as espécies em extremo risco de extinção foi lançado pela Sociedade de Conservação da Vida Selvagem (WSC, na sigla inglesa) e a Aliança para a Sobrevivência das Tartarugas (AST) em conjunto com jardins zoológicos chineses. Em 2008, uma fêmea foi descoberta em Changsha e levada para Suzhou em uma tentativa para encontrar um companheiro para ela.

A fêmea e seu noivo de 100 anos de idade se acasalaram ao longo dos anos, pondo ovos em diversas ocasiões. Entretanto, nenhum deles chocou.

Desde 2015, uma equipe liderada pelo zoologista australiano Dr. Gerald Kuchling começou a coletar sêmem do macho para fertilizar a fêmea. A partir de 2016, a equipe começou a realizar cirurgias de inseminação na fêmea.

Nenhuma das tentativas tiveram sucesso, incluindo o experimento de 12 de abril.

A Dra. Xie Yan, ex- diretora de projetos da WSC China, expressou profundo pesar pela morte da última fêmea da espécie.

"Quando se trata da proteção e extinção de uma espécie, o ser humano é verdadeiramente impotente", escreveu ela, lamentando que 13 anos de esforços de conservação não puderam mudar o destino da tartaruga gigante de casco mole do Yangtzé.

O caminho mais efetivo e cientificamente seguro para proteger a vida selvagem é proteger o habitat e a integridade do seu ecossistema, afirmou Zhao Zhonghua, representante-chefe do escritório na China da Proteção Animal Mundial, uma organização consultiva das Nações Unidas.

"Quando o habitat natural é bem protegido, não é apenas uma espécie que é beneficiada, mas a biosfera inteira, incluindo os recursos naturais tais como a água e todas as espécies que fazem parte do ecossistema", disse ele, acrescentando que a melhora do meio ambiente traz benefícios para a vida e o ser humano. Fim

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