Entrevista: Ex-premiê francês diz que 2019 será "ano produtivo" para laços França-China
Paris, 23 mar (Xinhua) -- Celebrando o 55º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas, a França e a China terão visitas de alto nível e outros eventos importantes este ano, tornando 2019 um ano "bom" e "produtivo" para a cooperação bilateral, disse o ex-premiê francês Jean-Pierre Raffarin à Xinhua.
Em uma entrevista exclusiva antes da visita do presidente chinês Xi Jinping à França, Raffarin disse que, além das visitas de alto nível, os dois países realizarão eventos importantes como um fórum cultural em Nice, a 2ª Exposição Internacional de Importação da China (CIIE, em inglês) em Shanghai e o 2º Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional em Beijing.
Lembrando sua primeira viagem à China, em 1970, o veterano político disse: "Eu provavelmente fiz mais de cem viagens à China. Sou muito interessado na cultura chinesa e nas mudanças ocorridas na China. Eu vi a China se transformar e se tornou uma potência econômica e industrial".
Raffarin assinalou que nos últimos anos a França e a China desenvolveram uma cooperação frutífera em várias áreas, incluindo seu compromisso comum com a implementação do Acordo de Paris em 2015.
"O Acordo de Paris não teria sido possível sem a China e sem uma boa cooperação França-China", afirmou.
Raffarin também elogiou a Iniciativa do Cinturão e Rota e a CIIE, avaliando-os como novos desenvolvimentos da China nos últimos anos.
Segundo ele, a Iniciativa do Cinturão e Rota, que reúne a disposição cooperativa de diversos países para alcançar o desenvolvimento comum, é especialmente importante no mundo atual.
"É melhor ter projetos e construir estradas e pontes, em vez de construir muros e fechar-se", comentou ele.
Raffarin disse que a China demonstrou ser um grande importador por ter organizado a primeira CIIE. Empresas francesas como L'Oreal, Danone e Schneider aproveitaram a feira para reforçar sua presença na China.
Raffarin comparou os importantes consensos comuns nas relações França-China a três "círculos concêntricos de cooperação".
O primeiro círculo é que eles têm visões de mundo semelhantes, disse Raffarin, acrescentando que, apesar dos diferentes sistemas sociais, os dois países podem apoiar o multilateralismo com respeito mútuo e compartilhar a visão de que apenas o diálogo leva à paz.
Para cumprir com o desenvolvimento dos tempos, melhorar as regras e quadro do multilateralismo e aumentar as vozes da Ásia e da África em um sistema multilateral é a missão compartilhada da França e da China, afirmou ele.
A cooperação econômica e comercial é o segundo círculo, disse Raffarin. "O mercado chinês representa a locomotiva do crescimento global. Precisamos do crescimento chinês. O que enfraquece o crescimento chinês enfraquece o crescimento global."
As empresas francesas vêm explorando o mercado chinês e conseguiram sucesso contínuo. A cooperação comercial bilateral expandiu-se em áreas que vão da energia nuclear, aeroespacial e automóveis ao vinho, produtos de luxo e serviços.
De acordo com as estatísticas oficiais da China, o comércio bilateral sino-francês ultrapassou US$ 60 bilhões em 2018, um recorde.
Raffarin considera os conceitos diplomáticos comuns compartilhados pelas duas nações como o terceiro círculo de cooperação.
De acordo com ele, nas novas circunstâncias internacionais, a França deve continuar a se comunicar e manter as relações amistosas com a China e promover continuamente a parceria estratégica abrangente com a China.
"Não vamos esquecer que, na crise da dívida, foi a China que comprou o euro para proteger a zona do euro", acrescentou.
"A amizade entre a França e a China é um fator chave para a estabilidade mundial. O mundo se tornará mais pacífico e estável, uma vez que a França e a China conversam mais frequentemente e cooperam mais estreitamente", concluiu Raffarin.
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