“Meu acordo ou nenhum acordo”, desafiou primeira-ministra May em discurso sobre o Brexit à nação

2019-03-22 11:38:14丨portuguese.xinhuanet.com

A primeira-ministra britânica Theresa May (f) fala durante as perguntas à primeira-ministra na Câmara dos Comuns em Londres, no Reino Unido, em 20 de março de 2019. Theresa May confirmou quarta-feira que escreveu à União Europeia, tentando adiar a saída do Reino Unido do bloco até 30 de junho. (Xinhua/UK Parlamento/Jessica Taylor)

Londres, 20 mar (Xinhua) -- A primeira-ministra Theresa May anunciou nesta quarta-feira que não vai adiar a saída do Reino Unido da União Europeia para além de junho, excluindo uma nova prorrogação caso os deputados rejeitem seu acordo do Brexit.

Sua mensagem da 10 Downing Street para o povo britânico se deu depois de mais um dia tenso na Câmara dos Comuns quando ela anunciou que pediu ao presidente do Conselho da União Europeia, Donald Tusk, para atrasar a saída do Reino Unido do bloco.

Sua mensagem contundente estava mandando o recado para os membros do parlamento que se eles rejeitarem seu acordo não haverá acordo, abrindo o caminho para o Reino Unido deixar a União Europeia depois de uma adesão de 46 anos.

Os comentaristas políticos disseram que o discurso foi uma tática arriscada para May por causa da maneira como ela criticou os parlamentares, os mesmos políticos que ela precisa para conseguir que seu acordo seja aceito.

Foi uma mudança em sua posição da semana passada quando ela disse que buscaria uma extensão maior de Bruxelas caso os parlamentares rejeitassem seu acordo.

Mas estava claro que May estava furiosa quando esta semana o Presidente da Câmara dos Comuns decretou que May não poderia apresentar seu projeto de lei Brexit uma terceira vez aos parlamentares a menos que houvesse mudanças dramáticas.

May dirige-se à reunião do Conselho da União Europeia, na quinta-feira, esperando reunir algumas palavras para acrescentar ao seu acordo para permitir que ele seja apresentado perante os deputados, provavelmente na próxima semana, uma terceira vez.

Será um fator de risco para a primeira-ministra porque seu acordo já foi rejeitado duas vezes, a primeira vez por 230 votos, a maior derrota da história política britânica, e por 149 votos na semana passada.

Ao insistir em que não manteria o Reino Unido na UE para além de junho, May está efetivamente dando aos deputados em conflito a oportunidade de aceitar o seu acordo ou de arriscar um não acordo.

May iniciou sua declaração dizendo que era de grande pesar pessoal que o Reino Unido não saísse em 29 de março, a data de partida fixada em 2017, quando o governo britânico votou por uma grande margem para acionar o mecanismo de contagem regressiva de dois anos.

"Tenho a certeza absoluta de que o público já se cansou. Estão cansados das lutas internas. Estão cansados dos jogos políticos e das linhas de procedimento arcaicas", disse May.

Ela acrescentou que as pessoas estavam cansadas dos parlamentares falando sobre nada mais do que Brexit quando há preocupações reais sobre as escolas infantis, o Serviço Nacional de Saúde e o crime com facas.

"Agora é hora de os deputados decidirem," ela acrescentou, "eles querem deixar a UE com um acordo que entregue o resultado do referendo, ou eles querem sair sem um acordo".

May acusou os deputados de estarem apenas dispostos a dizer que é o que não querem.

"Alguns argumentam que estou fazendo a escolha errada, e eu deveria pedir uma prorrogação mais longa até o final do ano ou além, para dar mais tempo para os políticos discutirem sobre o caminho a seguir. Isso significaria pedir-lhe para votar nas Eleições Europeias, quase três anos depois do nosso país ter decidido partir," disse ela na sua mensagem.

Mais cedo, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, sugeriu que os líderes da UE só aprovarão o pedido de May para um adiamento de três meses se os deputados aprovarem o acordo Brexit na próxima semana.

Tusk disse em Bruxelas que uma curta extensão para a saída do Reino Unido seria possível, mas estaria condicionada a uma votação positiva sobre o Acordo de Retirada na Câmara dos Comuns.

May disse em seu curto discurso que ela vai trabalhar noite e dia para tentar convencer os parlamentares de seu próprio Partido Conservador, assim como o Partido Democrático Unionista (DUP, na sigla em inglês) e outros para apoiar seu acordo.

Alertando que um a adiamento para depois de junho significaria que o povo britânico teria de votar nas eleições para o Parlamento Europeu, May disse que seria amargo e divisivo no momento em que o país precisa se unir novamente.

A reação dos parlamentares foi rápida com o ex-procurador-geral Dominic Grieve, que apoia um segundo referendo, afirmando que ele não será intimidado por ninguém no Governo para apoiar algo em que ele não acredita.

O político Liberal Democrata Ed Davey comentou: "Theresa May se perdeu. Ameaçar o nosso país com um Brexit 'sem acordo' não é liderança.

As reportagens da mídia em Londres disseram que em uma reunião privada com líderes de partidos políticos antes de sua declaração, ela descartou a opção de convocar uma eleição imediata.

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