Análise: Porque a Itália ocupa agora segundo lugar em desemprego entre os jovens da UE
Por Eric J. Lyman
Roma, 4 mar (Xinhua) -- Há uma categoria macroeconômica em que a Itália está emergindo como um dos líderes entre os países membros da União Europeia, mas não é uma categoria positiva - a Itália superou a Espanha neste mês e atingiu o segundo lugar no nível de desemprego juvenil do bloco das 28 nações.
De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística da Itália (ISTAT, na sigla em italiano, as taxas de emprego da Itália melhoraram muito ligeiramente em janeiro, subindo 0,1% em relação a dezembro.
Mas essa modesta melhora ocorreu apesar de um aumento de 0,3% no número de jovens desempregados - definidos como trabalhadores com menos de 25 anos de idade -, elevando a taxa geral de desemprego dos trabalhadores mais jovens do país para 33%.
O novo número foi suficiente para que a Itália superasse a Espanha como segundo país membro da União Europeia na lista daqueles onde é difícil para os jovens trabalhadores encontrar emprego. Só a Grécia tem um problema maior relacionado com o desemprego juvenil do que a Itália.
O problema é antigo na Itália, segundo Marco Leonardi, economista do Departamento de Estudos do Trabalho e Previdência Social da Universidade Estadual de Milão.
"Depois da Segunda Guerra Mundial e durante os anos 70, os jovens na Itália tiveram facilidade em encontrar trabalho no setor industrial", disse Leonardi à Xinhua.
"Mas a partir da década de 1980, quando o número de pessoas que iam para a universidade começou a aumentar dramaticamente, os níveis de desemprego juvenil começaram a subir. Eles permaneceram altos desde então".
Emilio Reyneri, professor emérito de sociologia do trabalho no Departamento de Pesquisa Social e Sociologia da Universidade de Milão Bicocca, disse que por causa de outras tendências demográficas em si problemáticas para a Itália, o problema do desemprego juvenil não é tão ruim quanto seria de outra forma.
"A taxa de natalidade da Itália está entre as mais baixas do mundo, e isso significa que há menos pessoas com menos de 25 anos do que se poderia esperar em um país tão grande quanto a Itália", disse Reyneri em uma entrevista.
Reyneri disse que os números do desemprego também são temperados por uma tendência de muitos dos jovens mais brilhantes que deixam o país para encontrar trabalho, mantendo seus nomes fora das listas de desemprego.
"Dentro da Europa, a Itália é um exportador de jovens universitários graduados e um importador de trabalhadores mais velhos", disse Reyneri.
Nem Reyneri nem Leonardi disseram que a educação universitária é negativa em si mesma. Mas Leonardi pediu que o sistema educacional do país precisa ser reformado.
"Eu acho que nosso sistema de ensino universitário está muito focado em acadêmicos e teoria e muito pouco no lado prático", disse Leonardi. "O setor industrial na Itália ainda é forte, o segundo mais forte na União Europeia, depois da Alemanha.
Prosseguiu: "As empresas dizem que há cerca de 200.000 empregos técnicos a preencher e muito poucos trabalhadores qualificados ao mesmo tempo que muitos licenciados estão desempregados e vivem com os pais", afirmou Leonardi.
Leonardi sugeriu reformar o panorama trabalhista, criando um caminho educacional para os graduados do ensino médio que querem encontrar trabalho em áreas técnicas.
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