Receio das empresas cresce com possibilidade de um Brexit sem acordo

2019-02-17 14:59:51丨portuguese.xinhuanet.com

Londres, 15 fev (Xinhua) -- As empresas e indústrias do Reino Unido estão cada vez mais temerosas de um Brexit catastrófico, já que o pior cenário permanece como uma possibilidade após a derrota da moção da primeira-ministra britânica no parlamento na noite de quinta-feira.

Na contagem regressiva para o dia do Brexit, em 29 de março, a Câmara dos Comuns Britânica votou contra a moção da primeira-ministra Theresa May que pedia ao parlamento para apoiar a estratégia de negociação do governo com a União Europeia. Os rebeldes conservadores abstiveram-se, alegando que a moção implicava a exclusão do Brexit sem qualquer tipo de negociação.

Enquanto alguns legisladores esperam evitar uma opção extremamente prejudicial de um possível não acordo, outros querem usá-la como tática de negociação potencial com a UE. Preso num impasse sobre o acordo do “backstop” para evitar controles fronteiriços entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, não há um acordo revisto à vista. E subsistem dúvidas sobre se o Parlamento britânico apoiará o acordo por maioria, caso exista.

"A derrota da moção do Governo aumentará os receios entre os fabricantes de alimentos e bebidas de que haja agora uma perspectiva decrescente de resgate da catástrofe de um Brexit sem acordo", disse Ian Wright, CEO da Federação de Alimentos e Bebidas (FDF, na sigla em inglês), em uma declaração após a votação.

As empresas estão preocupadas com o progresso do Brexit e estão muito despreparadas para um cenário de não negociação, os grupos da indústria alertaram. Uma pesquisa da EEF, a Organização dos Fabricantes, mostra que menos de um em cada cinco fabricantes está preparado para um cenário sem acordo, embora 84% das empresas continuem preocupadas com o impacto em seus negócios.

Em um cenário sem acordo, o Reino Unido terá que negociar sob os termos da Organização Mundial do Comércio. As exportações e importações para o país estarão sujeitas a tarifas mais altas em comparação com o atual comércio sem atrito entre o Reino Unido e outros membros da UE, bem como as taxas preferenciais sob os acordos comerciais da UE com países terceiros.

Um relatório do governo divulgado em novembro passado disse que as indústrias farmacêutica e automotiva estariam particularmente vulneráveis com um Brexit sem acordo, já que dependem de uma cadeia de suprimentos just-in-time.

A produção de automóveis no Reino Unido caiu para um mínimo de cinco anos em 2018 e os novos investimentos caíram pela metade no ano. Exportando 8 de seus 10 carros, novos cálculos mostram que dois terços do comércio mundial de carros do Reino Unido estarão em risco com um Brexit sem acordo, de acordo com dados da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motores (SMMT, na sigla em inglês).

Mike Hawes, executivo-chefe da SMMT, disse que a incerteza sobre o Brexit já causou enormes danos à produção, investimento e empregos. "No entanto, isso não é nada comparado com a devastação permanente causada pelo corte de nossos laços comerciais sem atrito da noite para o dia, não apenas com a UE, mas com os muitos outros mercados globais com os quais atualmente negociamos livremente."

Rain Newton-Smith, economista-chefe da Confederação da Indústria Britânica (CBI), disse: "A realidade é que um não acordo não seria um choque curto e forte - poderia provocar um declínio de longo prazo na competitividade da capital, com efeitos colaterais graves para Londres e para o resto do Reino Unido".

"Embora a boa notícia seja que um cenário de não acordo é evitável, até que esteja fora da pauta, as empresas estão gastando centenas de milhões de libras preparando-se para um evento que o Reino Unido simplesmente não pode administrar e não precisa acontecer", disse Newton-Smith.

Para aliviar as preocupações comerciais, o governo britânico está oferecendo algumas soluções para amortecer o impacto de um Brexit sem acordo. Uma de suas principais medidas é correr contra o relógio para replicar acordos comerciais da UE dos quais se beneficiou como membro da UE em acordos bilaterais para permitir que as empresas continuem a negociar livremente.

Até agora, o Reino Unido assinou quatro acordos de continuidade, respectivamente com o Chile, a África Oriental e Austral, as Ilhas Faroé e a Suíça. As empresas duvidam que o governo consiga rolar com sucesso grande parte dos cerca de 40 acordos comerciais da UE antes de 29 de março, especialmente com grandes parceiros comerciais como Canadá, Japão e República da Coreia.

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