Primeira-ministra britânica adia votação crucial do parlamento para salvar acordo Brexit

2018-12-11 14:48:34丨portuguese.xinhuanet.com

Londres, 10 dez (Xinhua) -- Na segunda-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, adiou a brusca votação de seu acordo Brexit no parlamento a fim de ganhar mais tempo para mais conversas com os líderes da União Europeia, que alegam que o acordo, alcançado no mês passado, não é negociável.

A primeira-ministra falou a uma hostil Câmara dos Comuns que tomou a decisão depois de reconhecer que "o acordo seria rejeitado por uma margem significativa".

VOTAÇÃO ADIADA

"Portanto, adiaremos a votação marcada para amanhã", disse May.

Ela disse que o "recuo" da Irlanda do Norte ainda é uma "preocupação generalizada e profunda" entre os deputados sobre o muito criticado acordo Brexit.

"Ainda há uma maioria a ser ganha no parlamento com garantias adicionais no recuo", disse ela.

Mesmo antes de May confirmar a decisão, a libra caiu para a maior baixa em 18 meses.

Apenas algumas horas depois de o gabinete de governo ter insistido que a votação aconteceria na terça-feira à noite como planejado, May se dirigiu aos parlamentares da Câmara dos Comuns para lhes contar sobre a mudança de planos.

May está sob intensa pressão de assessores e ministros do alto escalão para considerar o adiamento da votação de terça-feira, uma medida o governo negou enfaticamente que aconteceria, depois que parlamentares da oposição e rebeldes prometerem votar contra seu acordo Brexit.

Espera-se que May visite as capitais europeias a partir de terça-feira, a data original para a votação parlamentar, já que ela está lutando para salvar seu acordo Brexit, e possivelmente seu cargo como primeira-ministra.

O acordo Brexit - acordo de retirada e declaração política - foi alcançado no mês passado por Londres e Bruxelas após meses de negociações dolorosas, mas precisa ser aprovado pelo parlamento britânico.

Em resposta, os críticos de May a cercaram na noite de segunda-feira, com Jacob Rees-Mogg, membro do parlamento eurocético, dizendo que a probabilidade de um não-acordo Brexit aumentou.

"O governo perdeu o controle do Brexit" depois de ter sido encontrado na semana passada em confronto com o parlamento, disse Jeremy Corbyn, líder trabalhista da oposição, acrescentando que o governo era "caótico" e "desorientado" sobre as negociações e melhor momento para o Brexit.

Enquanto isso, alguns deputados tomaram a palavra para criticar a primeira-ministra por "desperdiçar tempo crucial" sobre o Brexit, que tem como prazo o dia 29 de março de 2019.

NÃO RENEGOCIÁVEL

Espera-se agora que May viaje para a Europa em busca de garantias sobre o apoio da Irlanda do Norte.

Em Bruxelas, na segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que convocou uma reunião do conselho para discutir o Brexit na quinta-feira e que a União Europeia "não renegociará o acordo, mas está pronta para discutir como facilitar a ratificação do Reino Unido".

Os líderes da UE devem se reunir, pois a cúpula final do ano será realizada na quinta e sexta-feira.

Corbyn disse que, se May "não tiver certeza de que ela pode e vai renegociar um acordo, então ela deve abrir caminho".

Os trabalhistas apresentarão uma moção de censura (voto de não-confiança) no governo, "quando julgarmos que será bem-sucedida", disse ele.

Vince Cable, líder dos liberais democratas da União Europeia, disse que seu partido apoiará uma moção de censura na primeira-ministra, caso o Partido Trabalhista pedir uma.

"Com o fiasco de hoje, o governo perdeu realmente toda a autoridade", disse Cable. "Eu e meus colegas apoiaremos totalmente o líder da oposição se ele agora passar para um voto de não-confiança, como o dever certamente exige".

May disse que também estaria "observando de perto novas maneiras de fortalecer a Câmara dos Comuns para garantir que qualquer provisão para um recuo tenha legitimidade democrática".

Ela quer permitir que os deputados façam obrigações ao governo "para garantir que o recuo não possa ser estabelecido indefinidamente".

A primeira-ministra disse que continuará conversando com os líderes da União Europeia (UE) depois que a votação do Brexit for adiada, mas insistiu que o acordo honrasse o resultado do referendo de 2016.

Ela disse que não haverá um Brexit bem sucedido sem compromisso de ambos os lados.

Michael Gove, secretário de Meio Ambiente do Reino Unido, insistiu na segunda-feira que "é claro que podemos melhorar o acordo e a primeira-ministra está tentando melhorar o acordo".

No entanto, Gove foi contrariado por Simon Coveney, ministro das Relações Exteriores da Irlanda, que disse: "O acordo não vai mudar. Particularmente a linguagem jurídica do tratado de retirada".

Por sua vez, o primeiro-ministro irlandês, Leo Baradkar, disse em um comunicado na segunda-feira que a União Europeia deve intensificar os preparativos para um não-acordo Brexit.

Em uma sentença de emergência emitida na segunda-feira, apenas 36 horas antes da esperada votação parlamentar britânica, o Tribunal de Justiça, o principal tribunal da União Europeia, decidiu que o governo britânico pode reverter sua decisão de deixar o bloco regional sem consultar outros Estados membros da UE.

CRISE NACIONAL

Em resposta à confirmação da primeira-ministra de que a votação do Parlamento está atrasada, duas das principais organizações empresariais britânicas descreveram na segunda-feira sua decisão como um golpe para a indústria do país.

Carolyn Fairbairn, diretora geral da Confederação da Indústria Britânica (CBI), disse: "Este é mais um golpe para empresas desesperadas por clareza".

"Os planos de investimento foram suspensos por dois anos e meio", disse ela. "A menos que um acordo seja fechado rapidamente, o país corre o risco de deslizar para uma crise nacional".

"Os políticos de ambos os lados do Canal precisam mostrar liderança, construindo consenso para proteger a prosperidade do Reino Unido e da UE", disse Fairbairn. "Ninguém pode se dar ao luxo de chegar ao Natal com a ameaça de que um não-acordo à custa de empregos e afetando o padrão de vida".

Ao mesmo tempo, Adam Marshall, diretor geral das Câmaras Britânicas de Comércio, disse que evitar uma saída confusa da União Europeia é uma questão de urgência nacional.

"As empresas estão olhando com espanto absoluto para a saga em curso no Parlamento, e expressam preocupação de que os políticos aparentemente estão agindo em seu próprio interesse, com pouca consideração pelos milhões de pessoas cuja subsistência depende do sucesso dos negócios e comércio do Reino Unido", disse Marshall.

"Muitos líderes empresariais ficarão intensamente frustrados com mais um atraso nesse já prolongado processo, que afeta as condições do mundo real dos negócios, e não menos os mercados de câmbio", acrescentou.

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