Um ano após se livrarem do ISIS, iraquianos ainda lutam para voltar à vida normal

2018-12-10 14:52:58丨portuguese.xinhuanet.com

Foto de 6 de dezembro de 2018 mostra uma escavadrira retirando detritos na antiga cidade de Mosul, capital da província do norte de Níneve, Iraque. Um ano se passou desde que o Iraque anunciou a liberação total do grupo militante do Estado Islâmico (ISIS), mas os iraquianos ainda estão lutando desesperadamente para voltar à sua vida normal em meio a um processo de reconstrução confuso. Em Mosul, a restauração da vida está correndo mais rápido no lado leste, que enfrentou menos batalhas do que o lado ocidental. Residentes desafiadores em Mosul nunca perderam a esperança em seus esforços para reconstruir sua amada cidade natal. (Xinhua/Khalil Dawood)

Mosul, Iraque, 9 dez (Xinhua) -- Um ano se passou desde que o Iraque anunciou a libertação total do grupo militante do Estado Islâmico, mas os iraquianos ainda estão lutando desesperadamente para restaurar sua vida normal em meio a um confuso processo de reconstrução.

Em Mosul, a capital da província de Nínive, no norte do Iraque, a restauração da vida está ocorrendo mais rapidamente no lado leste, que enfrentou menos batalhas do que o lado ocidental.

Em uma das batalhas mais ferozes desde a Segunda Guerra Mundial, os extremistas do ISIS ficaram escondidos nas vielas estreitas do centro da antiga cidade de Mosul, onde eles prendiam armadilhas e plantavam um grande número de bombas na beira da estrada.

As batalhas mataram milhares de pessoas inocentes, com dezenas de milhares de edifícios danificados ou destruídos, incluindo a icônica Mesquita al-Nuri e seu minarete inclinado.

No entanto, os corajosos cidadãos de Mosul nunca perderam a esperança em seus esforços para reconstruir sua amada cidade natal.

Sabhan, de 47 anos, residente na antiga cidade, no oeste de Mosul, voltou para casa imediatamente após a derrota dos militantes do ISIS em julho de 2017, já que sua casa foi apenas levemente danificada nas batalhas.

"Estou consertando os estragos passo a passo sempre que posso conseguir algum dinheiro, e muitos dos meus vizinhos também estão fazendo isso", disse Sabhan à Xinhua.

"Muitas famílias não conseguem retornar porque precisam de ajuda do governo. Elas perderam seus empregos e poupanças durante os anos de deslocamento quando o ISIS assumiu o controle da cidade depois de 2014", observou ele.

Muthanna Fadhil Younis, de 37 anos, é um dos incapazes de voltar para casa na cidade velha porque perdeu o trabalho consertando geladeiras e lavadoras de roupas, além do tratamento caro para suas duas filhas que sofrem de doença renal e desnutrição.

"Não havia comida, remédio ou leite para bebês. Minha filha mais nova nasceu em 2015. Eu quase a perdi porque ela estava muito fraca por causa da desnutrição", disse Younis.

Os militantes extremistas do ISIS "deixaram-nos morrer por doenças, fome e bombardeamento e impediram-nos de deixar as nossas casas em segurança com as forças de segurança iraquianas", acrescentou.

Younis agora trabalha como eletricista e mora com a família em uma pequena casa alugada no lado leste de Mosul.

Como muitas outras pessoas traumatizadas em Mosul, Younis está ansioso para voltar para sua casa destruída. No entanto, ele não pode se dar ao luxo de reconstruí-la.

Em uma pequena cafeteria na antiga cidade de Mosul, um grupo de homens trocava opiniões sobre os problemas de corrupção no lento processo de reconstrução.

A reconstrução "continuará devagar porque não há sinal genuíno de esforços para reconstruir a cidade por causa da corrupção", disse Abu Mohammed, membro do grupo.

Na quinta-feira de manhã, caminhões vieram pela primeira vez começar a remover os destroços do local da antiga Grande Mesquita de al-Nuri, que foi destruída em meados de 2017 durante as batalhas para desalojar os militantes do centro da Cidade Velha.

"A remoção dos escombros foi precedida de checagens para neutralizar bombas possivelmente plantadas por militantes do ISIS", disse Ahmed Ghazi, um oficial da divisão de engenharia da 16ª Divisão do Exército.

Em abril, o Iraque, os Emirados Árabes Unidos e a Unesco assinaram um acordo de parceria para reconstruir a histórica mesquita erguida em 1172, junto com seu famoso minarete inclinado, que deu à cidade o apelido de "al-Hadbaa", ou “o corcunda".

A mesquita al-Nuri é de grande valor simbólico, como foi onde o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou seu califado além-fronteiras no Iraque e na Síria em sua única aparição pública em julho de 2014.

"A reconstrução desta mesquita (al-Nuri) é um passo importante que daria esperança às pessoas, já que a reconstrução da histórica Mesquita al-Nuri e seu minarete iria encorajar o turismo, proporcionando empregos para os moradores", disse Jamal al-Mosuli, que mora em uma antiga casa perto da Mesquita al-Nuri.

Abu Ahmed Dha An-Noon, outro morador de Mosul, também vê um "sinal positivo" para um começo sério de reconstrução da mesquita que faz parte da identidade de Mosul, a segunda maior cidade do Iraque.

"Até agora, quase 30% dos moradores voltaram, mas com a reconstrução da mesquita, acredito que a taxa aumentará para 70%", disse Dha An-Noon à Xinhua no local.

Em 2014, o grupo militante do ISIS anunciou o estabelecimento de um califado em uma grande faixa de territórios no Iraque e na Síria.

Desde então, as forças iraquianas apoiadas por uma coalizão internacional lutaram três anos de ferozes batalhas para libertar o país dos militantes extremistas.

Em 9 de dezembro de 2017, o então primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, também comandante-chefe das forças iraquianas, anunciou oficialmente a libertação total do Iraque dos militantes do ISIS.

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