Visita do presidente Xi a Portugal será marco histórico na relação bilateral, diz embaixador português na China

Por Wang Lu

Beijing, 3 dez (Xinhua) -- A visita do presidente chinês Xi Jinping a Portugal será certamente um marco histórico na relação entre os dois países, disse o embaixador português na China, José Augusto Duarte, em uma entrevista exclusiva à Xinhua.

O presidente Xi Jinping fará uma visita de Estado a Portugal de 4 a 5 de dezembro, a segunda realizada por um presidente chinês ao país europeu em oito anos.

"Eu acredito que a visita do presidente Xi Jinping a Portugal contribuirá para o aprofundamento da relação e conferirá um novo ímpeto no relacionamento político, econômico e cultural entre os dois países", apontou o embaixador.

Desde o estabelecimento das relações diplomáticas em 1979, os laços cooperativos amistosos entre os dois países continuaram a se desenvolver em diversos campos. Em 2005, os dois países estabeleceram uma parceria estratégica abrangente. Nos últimos anos, China e Portugal tiveram frequentes intercâmbios de alto nível e resultados cooperativos frutíferos.

O diplomata elogiou o desenvolvimento das relações políticas entre Portugal e China. "Há excelente fluidez de contatos institucionais, há entendimento mútuo nas grandes questões bilaterais e internacionais. Estes elementos criam naturalmente um excelente relacionamento político."

Portugal apoia o aumento da conectividade entre a Ásia e a Europa e a Iniciativa do Cinturão e Rota também tem potencial para contribuir nesse sentido.

"No nosso entendimento para que o plano de desenvolvimento das ligações ferroviárias e marítimas da Iniciativa Cinturão e Rota fique completa - ligando efetivamente o extremo ocidente da Europa ao extremo oriente do continente euroasiático - Portugal terá sempre um papel de enorme relevância", afirmou o embaixador.

Ele enfatizou que a ligação portuária entre os dois países é realmente algo incontornável. Por exemplo o Porto de Sines, que é um grande porto europeu de águas profundas, faz a ligação geográfica ideal ao canal do Panamá e a todo o continente americano, bem como a África. "Julgo por isso que Portugal tem efetivamente condições de exceção para ter um papel da maior importância na nova Rota da Seda Marítima."

O diplomata também avaliou que as relações econômicas têm melhorado muito na última década, com um crescimento expressivo dos investimentos chineses em Portugal e o incremento das trocas comerciais.

Segundo as estatísticas da alfândega chinesa, o comércio bilateral entre a China e Portugal totalizou US$ 5 bilhões nos primeiros 10 meses de 2018, subindo 8% em termos anuais. As importações chinesas provenientes do país europeu ficaram em US$ 1,91 bilhão, um aumento anual de 12,5%.

O embaixador esclareceu que Portugal tem uma estabilidade e segurança, uma posição geográfica e um relacionamento privilegiado com Europa, África e América Latina, e é uma economia aberta com um potencial imenso por todas estas razões.

Na sua opinião, seria bom a China tirar partido dessas condições, fazer novos investimentos em Portugal, por exemplo na área industrial, e estabelecer mais acordos comerciais com um país que lhe pode vender produtos agroindustriais de primeira qualidade a nível mundial, assim como promover as relações econômicas e comerciais entre a china e os países de língua portuguesa.

A China é atualmente o maior parceiro comercial de Portugal na Ásia, e por seu turno, Portugal é o quinto maior destino de investimento chinês na Europa. Até o final de outubro deste ano, o investimento das empresas chinesas em Portugal ultrapassou US$ 9 bilhões em áreas como energia, telecomunicações e finanças.

Ao mesmo tempo, Portugal também tem uma riqueza de recursos turísticos e gastronômicos. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística do país europeu mostraram que em 2017, o número de turistas chineses em Portugal ultrapassou a marca dos 200 mil pela primeira vez, atingindo 256 mil com uma alta anual de 40,7% - um ritmo de crescimento três vezes superior ao verificado um ano antes.

Nos últimos anos, os intercâmbios entre os dois países em cultura, ciências e tecnologia e educação aumentaram gradualmente. O Instituto Confúcio foi estabelecido em quatro universidades do Minho, Lisboa, Aveiro e Coimbra. Em 2013, o Centro de Inovação Conjunto em Materiais Avançados Portugal-China foi fundado oficialmente na Universidade de Zhejiang. Em 2017, os dois países assinaram um acordo sobre cooperação oceânica bilateral e criaram uma "parceria azul".

Quanto ao futuro, o diplomata expressou perspectivas na consolidação e fortalecimento estável da relação bilateral. "Acho que temos muito espaço ainda para dinamizar e valorizar mais os vetores econômico e cultural do relacionamento bilateral."

O ano 2019 reveste-se de grande simbolismo para a relação sino-portuguesa, disse o embaixador.

Em 2019, celebra-se os 40 anos de relações diplomáticas entre a China e Portugal, e comemora-se os 20 anos do retorno de Macau para a China.