Especialistas brasileiros ressaltam a defesa do multilateralismo no discurso de Xi Jinping

2018-12-02 12:05:22丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 1º dez (Xinhua) -- O discurso do presidente chinês Xi Jinping na reunião do G20 em Buenos Aires confirma a vontade da China de apostar no multilateralismo e em uma cooperação econômica entre os países em benefício de todos, segundo comentários de especialistas brasileiros para Xinhua.

Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Eduardo Mello, "Xi Jinping mostrou mais uma vez que a China quer aumentar o comércio mundial, cenário no qual é um dos principais protagonistas e que o caminho a seguir é a cooperação entre os países, não o protecionismo nem o isolamento que parecem estar ganhando terreno ultimamente."

Mello destacou "o papel muito importante que a China teve ao ajudar a economia mundial a superar os efeitos devastadores provocados pela crise econômica de 2008 e isso é o melhor exemplo de que se deve continuar com este comércio multilateral, cada vez mais aberto e com mais atores em cena, em vez de ir fechando portas e apostando no protecionismo".

"Destacaria a insistência do presidente chinês na defesa da abertura e cooperação e em salvaguardar o sistema comercial multilateral" em um momento de clara tensão provocada pela política protecionista de Donald Trump, cujos efeitos a longo prazo ainda estão por acontecer, mas tenho minhas dúvidas de que acabem sendo positivos para os Estados Unidos e os americanos.

Outra parte do discurso de Xi Jinping destacada pelo especialista brasileiro foi a tecnologia. "A China já é uma potência e uma referência mundial no campo da tecnologia e o presidente chinês é partidário de expandi-la a países e regiões mais pobres que ainda não dispõem desses avanços tecnológicos."

"A economia chinesa continuará crescendo de forma constante nos próximos anos, principalmente por ter seu foco no consumo e na inovação. Há muitas oportunidades nas áreas de comércio eletrônico e de pequenas e médias empresas, razão pela qual o país deve liderar essa defesa mundial do livre comércio e do multilateralismo para poder seguir crescendo a um ritmo vertiginoso, como vem fazendo", completou Mello.

Por sua vez, o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, João Nogueira, assegurou que "o discurso de Xi Jinping foi uma batida em cima da mesa diante de todo o mundo, deixando claro que o multilateralismo e o comércio transnacional é o modelo que deve contribuir para melhorar o mundo, não o que propõe outros líderes de fechar suas fronteiras e endurecer o comércio com outros países".

O especialista brasileiro acrescentou que "o presidente chinês deixou claro que a Organização Mundial do Comércio (OMC) deve continuar com as reformas que está planejando para preservar o comércio multilateral e poder ingressar mais países em um mercado global no qual todos ganham, ao contrário do protecionismo, em que não há vencedores".

Nogueira destacou a vontade chinesa de erradicar a pobreza no país antes de 2020, "algo que há alguns anos parecia uma quimera e agora é quase uma realidade e deve servir de exemplo para dezenas de países de todo o mundo".

O professor da PUC ressaltou ainda o final do discurso de Xi Jinping, quando ele falou do Brasil e dedicou um "agradecimento especial" ao presidente Michel Temer, que deixará o cargo em 1º de janeiro, por seu trabalho em "estreitar os laços de amizade" entre os dois países, que se fortaleceram durante os dois anos de seu mandato.

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