Espanha tem um papel chave no aprofundamento das relações entre Europa e China, dizem autoridades

Madrid, 26 nov (Xinhua) -- O "decidido multilateralismo" em que aposta a Espanha torna o país uma peça chave para o estreitamento das relações entre a China e a União Europeia (UE), conforme concluíram personalidades no Fórum China-Europa sobre Reforma e Globalização, realizado recentemente em Madrid.

"Aprecio que a China tenha vocação multilateral e pense na Espanha como um aliado decisivo. Temos que construir uma comunidade que se perceba dessa forma, porque mais do que nunca na história compartilhamos um destino comum. Falar de política é falar do multilateralismo e cooperação como respostas globais", explicou o ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero em entrevista à Xinhua.

O ex-chefe do Executivo espanhol (2004-2011) ressaltou no evento, que teve como ideia central a prevalência do multilateralismo sobre as correntes protecionistas que existem em alguns países, que a dupla vertente geoestratégica da Espanha pode ser de grande utilidade para a China.

"A Espanha tem grandes ativos porque sendo um país inequivocamente europeísta e, portanto, com grande capacidade para ter essa visão aberta e multilateralista, além disso tem seu contexto próprio por sua vocação latino-americana, que é sua alma, sendo um ativo que representa essa relação. E também o norte da África por sua aproximação", ressaltou.

O ex-secretário da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Javier Solana, concordou com Zapatero em que a globalização pode trazer resultados benéficos tanto para a China como para a Espanha.

Solana, quem também foi ministro de Exteriores do Governo da Espanha entre 1992 e 1995, disse que em um mundo "tão interconectado", os problemas já não são de um só país nem de uma só região, mas sim globais.

Por isso, comentou, é necessário mudar de uma "visão tática" que tem a comunidade internacional a uma "visão estratégica" que permita perceber os problemas a um prazo mais longo.

Em um fórum em que foi destacado as relações comerciais e econômicas tanto ao nível bilateral entre a Espanha e a China como ao nível de bloco entre o país asiático e a União Europeia, Solana pediu que os vínculos culturais não sejam deixados de lado.

"Os centros Confúcio da China e os Cervantes da Espanha têm que ter muita importância. Dos temas culturais e da amizade só se tiram coisas boas. Tem que ter uma boa atitude. Mas tudo isso tem que vir com a prática do que estamos falando", disse.

No 40º aniversário da Reforma e Abertura da China e 45º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre ambos os países, Solana sublinhou os avanços econômicos da China e pediu que o atual mundo multipolar se torne multilateral.