Crescimento chinês gerará oportunidades para o mundo, diz embaixador brasileiro na China

Por Wang Lu e Luiz Tasso Neto

Beijing, 13 nov (Xinhua) -- "O mundo todo se surpreende com o fato de a China ter conseguido um resultado tão positivo ao longo dos últimos 40 anos", avaliou Marcos Caramuru, embaixador brasileiro no país asiático, em uma entrevista exclusiva à Xinhua.

Caramuru elogiou a postura chinesa de abrir seu mercado e focar mais seu crescimento no consumo interno. Durante o período da reforma e abertura, os três pontos mais impressionantes para o embaixador são a eliminação da pobreza, a expansão da classe média e a inserção na economia internacional de uma forma completamente inédita e diferenciada.

O diplomata ressaltou os investimentos do país asiático no mundo inteiro. "A inserção da China na economia internacional tem um valor extraordinário, e não é à toa que a China hoje representa 30% do crescimento da economia mundial."

Esse crescimento, no entanto, mexeu com a estrutura global. Para o embaixador, não se podia esperar que uma economia crescesse a uma taxa de dois dígitos durante décadas e mais recentemente de um dígito --o que ainda assim é muito expressivo-- sem que isso gerasse a necessidade de um rearranjo.

Atualmente, a orientação do modelo de desenvolvimento econômico da China está se transformando da exportação para o equilíbrio entre importação e exportação.

O diplomata destacou que um dos ativos mais importantes que a China tem para movimentar a sua economia é seu mercado. "As forças de crescimento da China vão contar crescentemente com o poder do mercado interno. O consumo interno na China ainda é baixo diante das economias mais amadurecidas, ou seja, vai aumentar muito."

A China, que se desenvolveu durante décadas apoiada em larga medida nas exportações, agora vai se expandir apoiada no consumo interno. Isso vai gerar oportunidades para as empresas chinesas e para as do mundo inteiro, afirmou Caramuru.

Ele elogiou o fato de que o governo chinês tem muita consciência de que necessitará dar acesso ao mercado interno para satisfazer um consumidor que é cada vez mais sofisticado, exigente e que deseja integrar-se à economia internacional.

"O fato de a China colocar o seu mercado mais diretamente à disposição de outros países é uma atitude muito interessante. E do nosso lado do Brasil, respondemos da melhor forma possível. A Exposição Internacional de Importação da China gerou o entusiasmo entre nossos empresários que eu mesmo não imaginava que geraria", assinalou o embaixador brasileiro.