Relacionamento EUA-China deve ser cooperativo a longo prazo

Boston, 17 out (Xinhua) -- O relacionamento entre Estados Unidos e China, apesar de encontrar algumas dificuldades, "está destinado a ser cooperativo" a longo prazo, pois há tantos problemas globais que não poderiam ser resolvidos a menos que as duas maiores economias do mundo trabalhassem juntas, disse um professor americano.

"No curto prazo, não sou muito otimista; mas a longo prazo, estou otimista", disse o professor Joseph Nye, da Universidade de Harvard, em entrevista à Xinhua, durante um fórum sobre "Desenvolvimento Econômico da China e Relações China-EUA", realizada na Loeb House, Universidade de Harvard, na segunda-feira.

"Eu não acho que os EUA e a China representem ameaças existenciais. Nós dois temos muito a ganhar com a cooperação", disse Nye, que já serviu como presidente do Conselho Nacional de Inteligência e secretário assistente de defesa para assuntos de segurança internacional na administração Clinton.

"Neste momento está 'conturbado' no sentido de que estamos vendo um período em que com as guerras comerciais e com muita retórica que parece, na minha opinião, excessivas. Eu vejo que este é um período conturbado", disse o ex-reitor da Escola Kennedy da Universidade de Harvard.

"Mas a longo prazo, daqui a dois ou quatro anos, ou mais, eu digo que é obrigatório cooperar porque há muitas coisas que nenhum dos dois países pode administrar sozinho, todas extremamente importantes para ambos os países, a menos que nós cooperemos ", disse Nye.

"Temos que garantir que administramos o relacionamento para não permitir que os elementos da competição, que são inevitáveis em todas as relações entre os estados, excluam a importância da cooperação", disse o professor, que cunhou o termo "soft power" (“poder suave”, em português) no final dos anos 80.

Os Estados Unidos e a China são "bastante capazes de cooperar uns com os outros" do ponto de vista histórico, já que o relacionamento entre os dois países passou por tantos altos e baixos, disse ele.

"Então, tentei traçar essa distinção entre minha descrição, cuja palavra para o curto prazo é ‘conturbado”, e minha única palavra a longo prazo é 'cooperativa'", disse Nye, acrescentando que acredita que as dificuldades atuais nos laços bilaterais são "cíclicos".

Falando sobre a política de tarifas unilaterais dos EUA sobre a China, Nye disse que tais políticas são baseadas em uma "falácia econômica".

"Se você tem um déficit comercial com a China, por exemplo, a China poderia reduzi-lo comprando muita soja americana, gás natural, etc., então o déficit comercial com a China cairia, mas o déficit comercial dos EUA deveria mudar para outros países", ele disse.

"Se você realmente quer mudar o nível do déficit comercial dos EUA, você tem que fazer mais sobre a relação de poupança e investimento que é política interna. E quando (o presidente Donald) Trump aprova um corte de impostos, aumentando a taxa de consumo e reduzing a taxa de poupança, isso não ajuda", acrescentou.

No curto prazo, pode ser mais difícil para a China, porque a China vende mais para os Estados Unidos do que os Estados Unidos vendem para a China, disse ele, "mas no longo prazo, acho que ambos os países perderão permitindo uma escalada."

Nye expressou a esperança de que ambos os países pudessem sentar e negociar uma solução para aliviar a tensão comercial.

Chamando o recente discurso sobre a China pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, de "extremo demais", Nye disse que Pence "tinha atitudes domésticas para obter apoio antes da eleição", mostrando como o governo Trump era duro com a China."

No entanto, a China tem que continuar seus esforços para abrir suas portas para as empresas dos EUA, o que evitaria que algumas das reclamações das empresas dos EUA contra a China fossem exageradas para ganhos políticos imediatos, disse ele.