Comércio, trens e eletricidade - como a Iniciativa do Cinturão e Rota beneficia os países da América Latina

2018-09-14 13:12:05丨portuguese.xinhuanet.com

Por Qu Junya, Zhao Yan e Pei Jianrong

Rio de Janeiro, 12 set (Xinhua) -- Em outubro de 1565, o primeiro galeão de Manila transportando mercadorias chinesas chegou a Acapulco, no México. Os produtos chineses de seda, porcelana e algodão foram lançados nas Américas.

A histórica rota comercial de galeão Manila-Acapulco, alcançando os portos chineses até o início do século XIX, trouxe muitas mudanças para a economia e a vida local, além de deixar traços que ainda podem ser vistos atualmente no Peru, Panamá, Chile, Guatemala, Equador e Argentina.

No final do século XVIII, o comércio vigoroso transformou Acapulco de uma aldeia de menos de 250 domicílios em um porto de mais de 4.000 habitantes, de acordo com registros históricos. Um documento do parlamento espanhol mostrou que o processamento e a tecelagem de seda crua da China criaram 14.000 empregos no México somente em 1637.

Hoje, a história parece estar se repetindo, à medida que alguns países da América Latina estão se tornando uma extensão natural da Rota da Seda Marítima do Século XXI, que faz parte da proposta da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), proposta pela China. Novas oportunidades de crescimento estão surgindo, prometendo prosperidade para todos neste mundo altamente interdependente.

MAIOR PORTO, MAIS COMÉRCIO

A iniciativa lançada em 2013 se concentra na construção de redes de infraestrutura e comércio para buscar desenvolvimento e prosperidade comuns.

Sobre o projeto do Landbridge Group da China, há um ambicioso plano de investimento para expandir o maior porto da Ilha Margarita, no Panamá, para um centro global de contêineres. Essa também é a visão que atraiu muitos moradores locais para trabalhar no projeto, entre eles Cesar Zebede.

Zebede está agora trabalhando para a empresa chinesa no canteiro de obras da área de expansão do porto. Após a sua modernização, o porto atlântico, na foz do Canal do Panamá, se tornará o único porto da região a abrigar 150 mil contêineres.

O porto localizado na Zona de Livre Comércio do Panamá terá três berços designados para navios super-Panamax e uma capacidade anual de movimentação de 5 milhões de unidades equivalentes a 20 pés (TEU) quando a primeira fase do projeto estiver concluída, e 11 milhões de carga TEU após a conclusão.

Zebede disse que, apesar da barreira linguística e de um passado cultural diferente, ele não teve dificuldades em se adaptar ao ambiente de trabalho da empresa chinesa. Ele está muito impressionado com a cultura de trabalho que incentiva a inovação, eficiência, operação padrão, respeito ao meio ambiente e engajamento social.

“Também é maravilhoso que o povo chinês respeite a equipe local”, disse ele.

"Durante os jogos da Copa do Mundo, o chefe chinês até nos deu pausas quando o time panamenho jogou, e assistiu o jogo junto conosco, torcendo pelo nosso time", disse Zebede.

TRANSPORTE MAIS RÁPIDO E BARATO

Para o engenheiro argentino Federico Carrera, é muito bom ver novos trens correndo rápido em novos trilhos nas planícies dos pampas da Argentina. Ele disse que o povo argentino sempre teve um relacionamento especial com os trens.

"A Argentina é um país cultivado a partir de ferrovias. Onde há uma ferrovia, há uma cidade. E as ferrovias ultrapassadas são um reflexo da desaceleração econômica e das dificuldades", disse ele.

"A cooperação com a China está ajudando o país a sair dessa situação, e acho que modernizar o sistema de transporte ferroviário é o primeiro passo para facilitar o comércio. Esse é um atalho para trazer de volta os bons e velhos tempos", disse ele.

Na Argentina, um importante produtor de grãos mundial, as ferrovias obsoletas, que ligam as áreas produtoras de grãos e portos, se mostraram inferiores aos caminhões no transporte de grandes cargas. O alto custo tornou os produtos agrícolas argentinos menos competitivos.

Em 2011, o governo argentino anunciou um plano para atualizar o sistema ferroviário nacional. Em 2013, a China Machinery Engineering Corporation assinou um acordo para transformar as ferrovias de Belgrano. O projeto aumentou a velocidade do tráfego ferroviário entre o norte da Argentina e o porto fluvial de Rosário, no leste.

"Com maior segurança e velocidade, temos clientes voltando", disse o alemão Hanacek, gerente assistente de projetos da companhia ferroviária estatal Belgrano Cargo and Logistics. "Quando a estação da colheita chegar, haverá muito mais remessas. Como sempre, trigo e soja são transportados de trem para o porto."

ILUMINANDO O CAMINHO PARA UMA VIDA MELHOR

A Rota da Seda nunca foi apenas uma rota que ligava terras, mas também um catalisador de mudança na vida das pessoas. A Iniciativa do Cinturão e Rota traz cooperação e conectividade em todos os aspectos, e entre os benefícios locais estão mais empregos, oportunidades de negócios, novas tecnologias e melhores padrões de vida.

Atualmente, próximo a Arcos, no estado de Minas Gerais, os trabalhadores brasileiros estão construindo uma torre de energia elétrica. É uma das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, a segunda maior do gênero no Brasil e a quarta maior do mundo.

Com linhas de energia de corrente contínua de ultra alta voltagem (UHVDC, na sigla em inglês), que estão entre as poucas do mundo, o projeto usa uma tecnologia UHVDC patenteada pela China. Depois de concluir a fase inicial do projeto, a State Grid Corporation da China é agora a única empreiteira geral na segunda fase para a construção de linhas elétricas com um comprimento total de 2.518 km.

O projeto concluído nas duas primeiras fases deverá aliviar grande parte da escassez de energia no sul e sudeste do Brasil, fornecendo uma "estrada da eletricidade" do sul do país ao norte, para atender às necessidades de energia de dezenas de milhões de pessoas.

Severino Cabral, chefe do Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacífico (IBECAP), disse que "as duas linhas de energia UHVDC já concluídas resolveram as crises de energia industrial e civil no leste do Brasil".

"As torres e linhas de energia elétrica também testemunham uma estreita cooperação entre nosso povo e os chineses", disse ele.

Aldo Camargo está entre os trabalhadores do local do projeto perto de Arcos. "Uma equipe brasileira ou chinesa? É difícil dizer. Nós nos juntamos, cooperamos e apoiamos uns aos outros. Isso garante que nosso trabalho seja feito sem problemas, e é por isso que somos bem sucedidos", disse ele.

Para os funcionários brasileiros, tem sido muito encorajador que a administração chinesa permita que eles tomem muitas decisões na execução dos planos do projeto.

"Os brasileiros estão familiarizados com as condições e leis locais e se comunicam melhor", disse Ju Tao, gerente de subprojetos da China. "Fazemos a nossa parte apenas no controle de capital e no planejamento estratégico."

(Os repórteres da Xinhua Zhang Qichang, Ni Ruijie e Wu Hao também contribuíram para a matéria.)

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