Cooperação com China empodera países africanos no cenário internacional, diz especialista brasileiro
por Rafael Lima e Xun Wei
Beijing, 3 set (Xinhua) -- "A cooperação China-África empodera os países africanos no cenário internacional e dão a eles a oportunidade de cooperar e fazer negócios com outros atores, além dos tradicionais parceiros europeus e americanos", disse à Xinhua o especialista brasileiro em desenvolvimento e cooperação internacional, João Paulo Cavalcante, antes da abertura oficial da Cúpula de Beijing do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC).
A terceira cúpula do FOCAC tem como foco a Iniciativa chinesa do Cinturão e Rota, a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 2063 da União Africana e as estratégias de desenvolvimento dos países africanos.
Cavalcante, que por anos trabalhou na África ajudando a implantar projetos das Nações Unidas, mostrou-se positivo em relação à presença chinesa nos países africanos.
"A forma como a China promove seus interesses na África é positiva, pois os atores locais têm um papel decisório sobre os termos da cooperação."
O especialista brasileiro explicou ainda que a África está em pleno desenvolvimento e que a presença chinesa tem ajudado a sustentar o crescimento do continente de forma benéfica e diferenciada.
"Ouvindo alguns colegas na África, inclusive ministros de Estado, pude ver que essa cooperação é nutrida de forma horizontal, onde acordos e projetos são decididos em comum acordo entre as lideranças políticas dos países. Tal lógica difere completamente da lógica de cooperação Norte-Sul, vista como paternalista e pouco benéfica aos africanos."
Essas observações confirmam as palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que está em Beijing para participar da cúpula do FOCAC.
"A cooperação China-África é uma parte central da cooperação Sul-Sul. A cooperação Sul-Sul é mais e mais importante no mundo de hoje e uma ferramenta fundamental para permitir que os países africanos se beneficiem do extraordinário sucesso do desenvolvimento econômico chinês nas últimas décadas", disse o secretário-geral da ONU em Nova York pouco antes de voar para a China.
Cavalcante ressaltou que novos modelos de parceria devem ser pensados num mundo em rápida transformação, mesmo a cooperação sino-africana já se mostrando positiva.
"Essas relações precisam ir além dos projetos de infraestrutura, exportação de matéria-prima ou de produtos entre os países. A África é extremamente jovem e cada vez mais conectada à internet e ao celular. Dessa forma, a cooperação precisa vislumbrar novos caminhos, sobretudo ligado à tecnologia (pagamento online, aplicativos etc.). Há um bilhão de pessoas na África, um mercado gigantesco, jovem e com muito potencial."
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