China intensifica proteção dos golfinhos brancos sob sua épica ponte

2018-08-10 14:09:55丨portuguese.xinhuanet.com

Guangzhou, 10 ago (Xinhua) -- Nas proximidades da inauguração da ponte marítima mais extensa do mundo, a atenção da China não está apenas voltada ao esquema de tráfego do projeto e na questão econômica, mas também na proteção do golfinho branco chinês, espécie ameaçada de extinção.

O governo chinês está priorizando os projetos de proteção ao golfinho branco desde a construção da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, iniciada em 2009. No futuro, uma aliança de conservação facilitará a campanha.

Ao minimizar o impacto do processo de contrução da ponte na vida dos cetáceos ameaçados, a China espera estabelecer um modelo de equilíbrio entre o desenvolvimento marítimo e a proteção ambiental.

A parceria, iniciada pelas autoridades da Província de Guangdong, Hong Kong e Macau, será criada para impulsionar a cooperação entre os grupos de conservação nas três regiões, de acordo com a administração da Reserva de Golfinhos Brancos do Estuário do Rio das Pérolas.

Este golfinho, que está sob máxima proteção nacional, pode ser encontrado em apenas algumas determinadas áreas litorâneas, sendo que o estuário do Rio das Pérolas representa um dos mais importantes.

Os resgates de rotina e os resgates conjuntos emergenciais serão de suma importância para a aliança, e será formada também uma equipe de especialistas para comandar os trabalhos. Além disso, o grupo fará pesquisas sobre as populações, estilo de vida, rotas de migração e fisiologia dos golfinhos brancos, segundo Chen Hailiang, chefe da administração.

O departamento de pesca de Guangdong, o departamento de agricultura, pesca e conservação de Hong Kong e o instituto para os assuntos cívicos e municipais de Macau têm cooperado sobre a proteção dos golfinhos desde 1995.

Desde 2011, pesquisadores de Guangdong, Hong Kong e Macau identificaram mais de 2,3 mil golfinhos brancos chineses no estuário do Rio das Pérolas.

IMPACTO AMBIENTAL DA PONTE

A ponte de 55 quilômetros de extensão está situada na Baía de Lingding no Estuário do Rio das Pérolas, um canal movimentado de navegação que recebe mais de 40 mil embarcações por ano. A via reduzirá o tempo de viagem entre Hong Kong e Zhuhai de 3 horas para apenas 30 minutos.

Muitos estudiosos acreditam que o número de golfinhos na Baía de Lingding tem se mantido estável nos últimos anos.

Chen Tao, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Pesca do Mar do Sul da China, rastreou golfinhos no mar durante todos os meses entre 2013 e 2017.

"Nosso monitoramento mostrou que existem entre 950 e mil golfinhos brancos chineses na Baía de Lingding, sob jurisdição de Guangdong, durante os últimos quatro a cinco anos, em comparação com 1,1 mil a 1,2 mil antes da construção da ponte", disse, especulando que alguns golfinhos que viviam na região poderiam ter migrado para outras águas.

Os pesquisadores estão otimistas com os resultados atuais de monitoramento, mas permanecem alertas.

"Até agora, os dados de monitoramento não são suficientes para uma análise mais precisa desta espécie, e os pesquisadores não conseguem rastrear eficientemente os golfinhos com os medidores disponíveis", disse Chen Tao.

"Após a abertura da ponte, serão necessárias mais avaliações sobre o potencial impacto dos píeres, da ilha artificial e do túnel sobre os golfinhos. Precisaremos ainda de muitos anos de monitoramento e pesquisas na Baía de Lingding e outros habitats" desses golfinhos, acrescentou.

GRANDE MISSÃO

Os observadores de golfinhos são fundamentais para minimizar o impacto da construção nesses cetáceos.

A Reserva de Golfinhos Brancos do Estuário do Rio das Pérolas apoiou nos últimos anos mais de 100 pesquisadores no estudo e proteção do mamífero, e a reserva e os empreiteiros do programa treinaram milhares de observadores durante a construção da ponte, disse Chen Hailiang.

"Antes do início das obras, propomos sete tópicos acerca da proteção dos golfinhos brancos. Um deles foi treinar pessoas a verificarem e protegerem os golfinhos. Organizamos 29 treinamentos e aqueles que passaram no exame receberam um certificado de observador de golfinhos", disse.

Luo Guocai, de 34 anos, é um observador de golfinhos certificado. Seu trabalho é a cada 10 minutos checar o mar antes das obras começarem. Os golfinhos têm que ir à superfície para respirar em curtos intervalos de tempo.

"Se os vemos, tocamos o som do inimigo, a baleia orca, para alertá-los", disse Luo.

He Guomin, também pesquisador do Instituto de Pesquisa em Pesca do Mar do Sul da China, co-autor de um relatório de pesquisa em 2005, concluiu que "mesmo no pior cenário, a construção não causará danos irreversíveis à espécie".

"Nenhum golfinho branco chinês morreu devido à construção em sete anos e acredito que no futuro os números vão melhorar", disse.

Chen Tao disse que o mais preocupante é a alimentação dos golfinhos. "É um grande desafio para esses animais encontrar o peixe favorito deles, o peixe demersal, que vem desaparecendo desde a última década. A qualidade dos alimentos está piorando."

Vários pesquisadores acreditam que as atividades de navegação cada vez mais intensas no estuário representam uma ameaça para a espécie.

"O que fizemos é apenas o começo. Estamos em nossa missão mais onerosa que é monitorar e proteger a espécie", assinalou Chen Tao.

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