Entrevista: Intercâmbios culturais são chave para promover relações China-África, diz codiretor do Instituto Confúcio
Johannesburgo, 23 jul (Xinhua) -- Os intercâmbios culturais são cruciais para que os povos da China e África se entendam e para que as duas partes consolidem ainda mais suas relações, disse um especialista sul-africano.
Os intercâmbios entre pessoas devem ser uma prioridade para as relações sino-africanas, pois as duas partes precisam entender melhor a cultura, a história e inclusive as leis da outra parte, disse em entrevista à Xinhua David Monyae, codiretor do Instituto Confúcio na Universidade de Johannesburgo.
Estabelecido em 2016, o Instituto Confúcio na Universidade de Johannesburgo é o mais novo da África do Sul.
Existe um crescente interesse entre os jovens na África para saber mais sobre a China, disse o codiretor, sublinhando a necessidade de intercâmbios diretos entre os povos chinês e africanos.
"Existem muitas informações que ouvimos no passado sobre a China, mas não foram os chineses que contaram aos africanos, sim os ocidentais, que dominam os meios de comunicação", disse Monyae, também especialista em relações internacionais e política externa.
"Existe o perigo se o panorama que mostram não for certo", afirmou. "Mas as pessoas agora estão se tornando muito mais cientes de que elas desejam conhecer a China através do povo chinês. Assim também é a missão de nosso instituto servir como ponte para isso."
Além de ensinar o idioma e a cultura da China, o instituto de Monyae também está realizando pesquisas sobre temas como as relações China-África e a cooperação do BRICS.
"Outras coisas dirigidas pelo Ocidente também chegam até nós, como coisas negativas sobre a China, inclusive sobre os Institutos Confúcio", disse. "Mas somos pessoas independentes. Não há espaço para que ninguém nos diga quem deve ser nossos amigos. Escolhemos os melhores e os que nos respeitam."
Também é necessário que se entendam melhor os africanos na China, disse Monyae.
O especialista sul-africano expressou a esperança de que as organizações de meios de comunicação tanto na China como em países africanos possam conseguir que as pessoas comuns contem suas próprias histórias.
Além disso, os intercâmbios de poesia, música, teatro e esportes podem intensificar os laços culturais entre os chineses e os africanos, destacou.
Monyae também mencionou o Ubuntu, a filosofia africana que ele acredita "não estar longe do confucionismo", já que ambas enfatizam os conceitos de cuidar e compartilhar.
"No Ubuntu, acreditam que 'eu sou porque nós somos', o que significa que eu não posso existir em sua ausência. O bem-estar do outro também é bom para mim. Para ter paz em minha vida tenho que me assegurar de que meu vizinho não tenha fome e haja paz na casa de meu vizinho", explicou Monyae.
"Somos uma civilização solidária. Existe a necessidade de recordar e continuar nossa própria filosofia e de aprender de outras filosofias. Também por esta razão temos interesse no confucionismo."
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