Brasil in Trio traz mistura musical brasileira para a China
Por Luiz Tasso Neto e Xun Wei
Beijing, 19 jul (Xinhua) -- Noite de quarta-feira em Beijing. Em um bar da cena underground da capital chinesa, uma plateia de olhos e ouvidos atentos acompanha a performance quase hipnotizante de Julio Lemos, Everton Luiz e Diego Amaral. Os três professores de música formam o Brasil in Trio. E o nome do grupo resume de maneira muito precisa o trabalho deles: é a mistura de vários ritmos do Brasil na simplicidade e talento dos três em sopro, percussão e harmonia.
O show desta quarta-feira no FruitySpace foi o primeiro da primeira turnê do grupo pela China. Serão mais dois shows em Beijing e outros dois em Shanghai. E a escolha da China para a viagem do trio não foi por acaso. Através de um programa de incentivo à cultura no Brasil, o grupo conseguiu o financiamento para as apresentações em outro país. Julio Lemos, que toca o violão de sete cordas, revelou que a decisão de vir ao país asiático passou muito pela experiência de amigos músicos que já tocaram por aqui. "A gente viu que a China está tendo certa abertura para música brasileira, um certo interesse pela música brasileira, aí a gente aproveitou esse fator com a vontade de expandir, atravessar da Europa para cá. Com esse projeto, a gente poderia escolher qualquer país para ir, mas como a gente já tocou na Europa, na América do Sul e já tem uma turnê preparada para os Estado Unidos no final do ano, a gente falou 'vamos explorar a Ásia agora'".
O Brasil in Trio surgiu em 2007, para participar de um projeto de música na rua na cidade de Goiânia, no Estado de Goiás, no Brasil. O percussionista Diego Amaral conta que os três já eram amigos e estudavam música juntos na Universidade Federal de Goiás quando decidiram ensaiar um repertório de chorinho para tocar neste projeto. "Daí por diante a gente começou a desenvolver um trabalho de interpretação, até chegar ao ponto de decidir gravar nosso primeiro disco", lembra. Em 2014, foi lançado o "Brasil in Trio Interpreta Alessandro Branco", um trabalho com obras inéditas do compositor Alessandro Branco, com uma rica mistura de ritmos e estilos como choro, samba, maxixe, maracatu, baião, entre outros. Amaral avalia que a gravação do cd consolidou a identidade do grupo.
A partir de então se intensificaram as turnês, especialmente fora do país. O Brasil in Trio foi à Argentina, Chile, Espanha, Portugal, França, entre outros, levando não apenas sua apresentação musical, mas também conhecimento. Everton Luiz, que toca os instrumentos de sopro no Trio, destaca que muitas dessas viagens casaram os shows com workshops sobre música brasileira. Como os três são professores de música, várias de suas apresentações nessas turnês foram feitas dentro de universidades, junto com seus mini-cursos. E esse é um dos projetos do Brasil in Trio, levar a música brasileira e conhecimento sobre ela aos locais por onde passa. Everton Luiz vê com bons olhos uma futura parceria com alguma universidade chinesa. "A próxima turnê na China, quem sabe?"
Para o tour atual, o grupo entrou em contato com um produtor brasileiro que vive na China há anos e está inserido no cenário musical do país asiático. AleAmazonia, também conhecido como Zhao Zilong (em chinês), é baterista da banda de Shanghai Dirty Fingers e fundador da produtora Zilong Brazil, criada em 2014 e que tem como objetivo principal promover e criar co-produções entre artistas brasileiros e chineses. E a estreia do Brasil in Trio na China é também a primeira vez que a produtora traz artistas brasileiros para uma turnê no país. "Eles entraram em contato comigo e eu topei na hora. São músicos de altíssimo nível", destacou Alê.
Os próximos shows do grupo estão marcados para esta quinta-feira (19) no DDC e sexta (20) na The Bookworm, em Beijing, e para os dias 22 no Yuyintang (YYT) e 24 no Shake Club, ambos em Shanghai.
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