Aproximação entre Shaanxi e Mato Grosso reforça laços entre Brasil e China

Cuiabá, Brasil, 17 jul (Xinhua) -- Uma delegação de representantes privados e de governo da província chinesa de Shaanxi visitou o Estado de Mato Grosso, no centro-oeste brasileiro, para uma agenda de encontros com entidades setoriais, governo estadual e empresários.

Na abertura de um fórum de cooperação econômica e comercial entre os dois lados, o governador da Província de Shaanxi, Hu Heping, destacou o crescimento de sua região, tanto em termos de Produto Interno Bruto (PIB), de 8% no ano passado, quanto de consumo, que superou 11% em 2017. Hu destacou que a província tem 34 milhões de habitantes e está apta a ampliar o consumo. A capital é Xi'an, conhecida entre os brasileiros pelo Exército de Guerreiros de Terracota.

"Nossa província de Shaanxi e o Estado de Mato Grosso têm muitos setores e áreas para cooperação e complementaridade, com um amplo horizonte para vários setores, afirmou Hu.

Um destes setores é a inovação na agricultura e tem o projeto da Zona de Demonstração de Alta Tecnologia Agrícola de Yangling como uma grande vitrine. A área quer se tornar o "Vale do Silício Agrícola" da China e para isso está investindo em pesquisa e inovação ao atrair as principais universidades para a região. Em novembro, uma feira deverá exibir os principais feitos neste setor. Yangling ainda abrigará uma zona de livre comércio.

Para o chefe da Casa Civil de Mato Grosso, secretário Ciro Rodolfo, a rodada de discussões é um passo para a construção de um ambiente sadio, envolvendo governos e iniciativa privada. Rodolfo destacou a segurança jurídica e o ambiente de negócios cada vez melhor no Brasil como atrativos para negócios no país.

Segundo Rodolfo, Mato Grosso é um importante parceiro da China. No ano passado, o PIB do estado cresceu 5%, puxado principalmente pelo agronegócio, que responde por 50% da economia regional, 33% dos empregos e 99% das exportações. No Brasil, Mato Grosso produz 28% da soja, e no mundo este número é de 10%. O estado é o primeiro no ranking brasileiro na produção de bovinos, algodão, milho e outros grãos, como sementes de girassol, além de soja.

Mato Grosso tem 33 mil produtores agropecuários associados à principal federação do setor, chamada Famato, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, uma entidade com representatividade no cenário nacional e interlocução com diversos níveis do governo, incluindo o federal. O estado é o que mais produz soja não transgênica no Brasil, ou 17% de sua produção, o que equivale a 5 milhões de toneladas. Toda a produção desses grãos é vendida para a Europa, devido a regulações. No total, hoje Mato Grosso produz 66 milhões de toneladas de grãos e fibras em 10% da área do estado, o que soma 9,5 milhões de hectares de agricultura.

Mesmo sem precisar desmatar ou abrir novas áreas para o cultivo, os agricultores locais acreditam que podem aumentar a produção, graças a técnicas de plantio de duas culturas ao longo do ano (o que ocorre em larga escala com soja e milho) e manejo do rebanho bovino. A estimativa da Famato é de que mais de 15 milhões de hectares de pastagens possam ser transformados em plantio agrícola no estado. Tal processo não significa diminuição do rebanho, mas a utilização de mais tecnologia, segundo os agricultores. Mato Grosso produz 70% do algodão brasileiro e agora vê na piscicultura a nova tendência.

O vice-diretor geral do Departamento de Comércio da Província de Shaanxi, Li Shengrong, acredita que há vários espaços para aumentar a venda de produtos brasileiros à China, sendo o aumento do consumo o atestado mais evidente deste processo.

No fórum, entre as empresas presentes estavam a Longi, que faz baterias e soluções de energia e atende 37% do mercado mundial em seu segmento, a Shaanxi Yanchang Petroleum Group, o SIGC (Grupo de Investimentos de Shaanxi) e o Banco Chang'An.