Nordeste deve ampliar participação em negócios sino-brasileiros, diz consulesa-geral da China em Recife

2018-07-11 14:10:04丨portuguese.xinhuanet.com

Por Janaína Silveira & Chen Weihua

Recife, Brasil, 10 jul (Xinhua) -- Recife recebeu em 2016 o terceiro Consulado-Geral da China no Brasil, tendo desde junho deste ano Yan Yuqing como consulesa-geral, em substituição à diplomata Li Feiyue. Nesta semana, Yan concedeu entrevista exclusiva à Xinhua na capital pernambucana.

"O estabelecimento do Consulado-Geral da China no Nordeste do Brasil tem como objetivo atingir toda a região e atuar em diversos setores, promovendo trocas em profundidade entre Brasil e China, ampliando a cooperação bilateral. Farei o meu melhor para promover intercâmbios amistosos e cooperação com a China no Nordeste do Brasil", afirmou a diplomata.

Segundo Yan, Pernambuco é um presente de Deus ao povo do Nordeste, e historicamente um centro comercial devido à localização geográfica favorável e ao desenvolvimento do plantio de cana-de-açúcar. Tais características, afirma a diplomata, ainda se mantêm, transformando o Estado em uma base industrial e de tecnologia da informação, promovendo ainda comércio, serviços, recursos em energia e logística para a região. Em termos de agricultura, Pernambuco é um centro importante no plantio de flores e frutas, lembra ela.

"O Porto de Suape não é apenas um dos maiores do Brasil, mas também atrai empresas de renome internacional ao seu parque industrial. Porém, é preciso explorar melhor o potencial de cooperação com a China por meio de grandes projetos que se reflitam em uma cooperação pragmática. Estou disposta a trabalhar em conjunto com a comunidade local para promover um papel de liderança da região no futuro", assegura Yan.

Segundo a diplomata, há um conto popular chinês chamado "Os oito imortais que cruzam o mar com seus poderes". Yan faz alusão aos oito Estados brasileiros que estão sob sua jurisdição:

"Poderemos atuar como oito amigos que se ajudam para chegar ao outro lado com sucesso", afirma Yan.

A consulesa-geral aponta como exemplo o Estado do Ceará, que tem atraído empresas na área de energia limpa, caso do Grupo CHNT, e na área de saúde, como a Meheco, e cujas tratativas iniciais devem progredir positivamente.

"Ao mesmo tempo, algumas empresas chinesas estão interessadas em cooperação com o Ceará em refino e logística. É claro que isso também exige que o lado brasileiro relaxe ainda mais o acesso ao mercado e ofereça condições mais favoráveis. Vale falar também da China Unicom, que trabalha na construção de uma conexão com capacidade para transmitir dados de forma mais eficiente entre a África e a América do Sul a partir de Fortaleza", revela Yan.

A diplomata lembra também do projeto do Porto de São Luís, no Maranhão, que deve estreitar a cooperação entre o Nordeste brasileiro e os chineses, a partir de um investimento da empresa China Communications Construction Company (CCCC). Além de ampliar a capacidade logística da região, e por extensão de outros sete Estados, a obra criará 4 mil empregos. Ela destaca que o próprio embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, elogiou o porto como um avanço no desenvolvimento regional, afirmando que o projeto marcará a integração do Brasil à Iniciativa do Cinturão e Rota, proposta chinesa para promover o financiamento especialmente em obras de infraestrutura e que terá resultados em outros países da América Latina.

Segundo Yan, é importante salientar que China e Brasil integram o BRICS, conjunto de países que tem também a participação de Rússia, Índia e África do Sul.

Ela acredita que o Brasil na América Latina seja não só o maior parceiro comercial chinês, mas o mais importante parceiro estratégico.

Segundo a consulesa-geral, tanto comprando matérias-primas do Brasil, como investindo no país sul-americano, a China busca benefícios mútuos. As empresas chinesas continuam aumentando os investimentos diretos no Brasil, especialmente depois de 2013. Em 2017, a China tornou-se a maior fonte de investimento estrangeiro no Brasil, explica a diplomata.

"China e Brasil também mantêm firme oposição ao protecionismo comercial e estão empenhados em defender o multilateralismo, promover o comércio, a liberalização e a facilitação do investimento. Ambos trabalham para construir um destino comum, especialmente na globalização econômica", avalia Yan.

No campo cultural, a diplomata disse: "tenho o prazer de testemunhar nos últimos anos um estreitamento de trocas nos setores cultural, educacional, midiático e acadêmico, aumentando consideravelmente a compreensão e a amizade entre China e Brasil. O Instituto Confúcio é essencial para promover a aprendizagem da língua chinesa e a difusão da cultura. Existem atualmente 10 Institutos Confúcio no Brasil, e dois estão no Nordeste, em Recife e Fortaleza." Segundo ela, há espaço para ampliar trocas culturais, como em eventos em datas comemorativas ou festivais de cinema.

Por fim, no ano em que a China celebra 40 anos da política de reforma a abertura, Yan lembra que os chineses costumam dizer que o desenvolvimento de sua nação não pode ser separado do mundo e que, portanto, o país está disposto a compartilhar a experiência bem sucedida de desenvolvimento com todos.

Yan encerrou lembrando a importância da Exposição Internacional de Importação da China, feira que ocorrerá em novembro deste ano, em Shanghai, e que terá o Brasil como país convidado.

"É uma iniciativa importante para abrir o mercado. A área da Expo compreende 210 mil metros quadrados. Esperamos aproximadamente 3 mil expositores globais de alta qualidade, compradores do mundo todo, e um público que deve superar as 150 mil pessoas. As negociações comerciais deverão combinar os modos online e offline. O Brasil terá uma grande oportunidade de demonstrar as vantagens de seus produtos e de buscar espaços no mercado chinês. Temos todos os motivos para acreditar que a cooperação econômica e comercial sino-brasileira será muito melhor após a Expo", completou Yan.

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