Setor agrícola da América Latina vê benefício dos laços com a China

2018-05-21 12:45:10丨portuguese.xinhuanet.com

Brasilia, 21 mai (Xinhua) -- O setor agrícola da América Latina, que na última década se beneficiou de crescente demanda de consumidores na China, deve aumentar e diversificar suas exportações para o gigante asiático.

Especialistas do setor acreditam que o apetite crescente da China por bens importados tem sido essencial para criar oportunidades de desenvolvimento nas zonas rurais e novos processos de produção.

A América Latina e o Caribe são importantes fornecedores de alimentos para o mercado chinês e continuarão a aumentar seu fornecimento, segundo Manuel Otero, diretor geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

"Nossa região já responde por quase um terço de importações alimentícias da China. Nos últimos 10 anos, as exportações de agroalimentos da América Latina e Caribe para a China aumentaram dos 5,6% do total para 13%, uma tendência que é principalmente explicada pelo aumento em remessas à China pelo Cone Sul", disse Otero.

Entre os produtos que tiveram o maior crescimento em comércio estão complexo de soja (soja, óleo de soja e farelo), carne bovina, ave, açúcar e frutas.

Dois fatores continuarão a aumentar o abastecimento alimentício da América Latina e Caribe para a China, observou Otero.

"A China tem que alimentar 22% da população do mundo com água e terra arável limitadas", disse, acrescentando que a China "designa 7% de sua terra para a agricultura e tem apenas 6% dos recursos hídricos do mundo".

Os países latino-americanos, junto com as nações africanas, têm o maior potencial para elevar sua produção agrícola, possivelmente até dobrar os atuais níveis da produção, indicou.

"A América Latina e o Caribe respondem por mais de um quarto da terra arável do mundo e um terço da água doce do mundo. Além disso, é a região com o maior potencial para incorporar nova terra para a produção agrícola", comentou o chefe do IICA.

Pedro Henriques Pereira, conselheiro de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, disse que as vendas para a China cresceram consideravelmente na última década.

"Dez anos atrás, a China superou os Estados Unidos como o segundo maior destino para os produtos agrícolas brasileiros, apenas depois da União Europeia (UE). Em 2013, a China finalmente superou a UE e se tornou o comprador número 1 dos produtos agrícolas brasileiros", lembrou Pereira.

Desde 2014, houve uma queda leve no comércio como resultado da instabilidade política e econômica do Brasil. Mas em 2017, o comércio aumentou novamente e o país viu a maior ascensão em remessas para a China.

Essa mudança foi dirigida por um bom ano-safra na agricultura do Brasil, que levou a um aumento de 41% nas exportações de soja para a China, junto com vendas mais altas de carne bovina e celulose.

"O crescimento no valor (de exportação) é inegável. Saltou dos US$ 8 bilhões de produtos agrícolas em 2008 para quase US$ 27 bilhões em 2017, um aumento surpreendente em 10 anos, em termos quantitativos", disse Pereira.

Porém, em termos qualitativos, o Brasil precisa tomar melhor vantagem de seus laços comerciais mais estreitos com a China e tentar diversificar suas exportações.

"Os produtos exportados são praticamente os mesmos de 10 anos atrás. O grande desafio nos próximos anos é diversificar nossas exportações e acrescentar valor. É um processo que leva tempo e exige ação do governo brasileiro e setor privado", disse o conselheiro.

O setor agrícola do Brasil prevê um aumento nas exportações para a China graças à demanda dos consumidores crescente e até mais sofisticada.

"Nós fizemos um estudo sobre o potencial do comércio com a China e identificamos pelo menos 97 produtos de agronegócio brasileiros com o potencial para crescer", revelou.

"Há uma revolução nos hábitos do consumidor da população chinesa. Não só os padrões de vida dos chineses aumentaram, consomem produtos com maior valor agregado e mais produtos animais, mas também o público se tornou mais exigente e ciente do que estão consumindo", acrescentou.

Essa consciência tornou os consumidores chineses mais preocupados com tais assuntos como o meio ambiente, mudança climática, métodos da produção, segurança alimentar e bem-estar animal, observou.

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