Moçambique antecipa inauguração da ponte Maputo-Catembe para junho

Maputo, 12 mai (Xinhua) -- Uma ponte suspensa com dois pilares e um vão de 680 metros sobre a Baía de Maputo enfeita a paisagem da capital moçambicana e deverá se tornar um novo marco que facilitará a passagem entre os dois lados da baía.

O projeto, cujo 95% do custo total de US$ 785,8 milhões é apoiado financeiramente pela China, está sendo construído pela Corporação de Rodovia e Ponte da China (CRBC, em inglês) e deverá começar a operar no dia 25 de junho, dia da proclamação da Independência de Moçambique.

Enquanto o sol se punha de um lado da baía, pintando a ponte de dourado, Fernando, um trabalhador de 20 anos, encerrava seu dia de trabalho na ponte e nos saudou com um "Ni hao" em chinês ao ver a nossa equipe.

Devido à condição financeira da sua família, o jovem disse que está trabalhando na ponte para guardar algum dinheiro e poder prestar alguma universidade pública. "Estou trabalhando na ponte para construir meu futuro," disse ele.

"Meu maior sonho é viajar para Londres e estudar na Universidade de Oxford. Mas o mandarim também é importante. Há muitos chineses trabalhando em Moçambique, então, no ano que vem eu vou aprender chinês para poder trabalhar melhor com os chineses," disse Fernando enquanto se mostrava animado com o adiantamento do lançamento da ponte.

"É uma ponte maravilhosa! Atualmente as pessoas dependem de barcos e balsas para atravessar a baía até Catembe, no outro lado. O barco é muito demorado e perigoso," disse.

O gerente de projetos da CRBC, Cao Changwei, é o encarregado do projeto desde o início da sua construção em 2014. Ele disse que a ponte vai reduzir o tempo de viagem de Maputo ao distrito de Catembe para cerca de dez minutos, em comparação com as até 3 horas que a balsa leva para contornar a baía.

Segundo ele, o projeto também engloba 187 quilômetros de estradas ligando a fronteira no sul do país ao país vizinho da África do Sul.

"Isso reduzirá muito o tempo de viagem de Moçambique até a África do Sul e se tornará uma importante passagem internacional que impulsionará o transporte de passageiros e cargas em Moçambique, bem como o turismo e o crescimento econômico ao longo do projeto," disse Cao.

"Por causa da ponte, muitas pessoas estão comprando terras para abrir seus negócios. A economia em Catembe está se desenvolvendo muito," disse Fernando.

De acordo com a CRBC, o governo local está planejando desenvolver o distrito de Catembe de várias maneiras que incluem a venda de terras, turismo, serviços do comércio, logística e indústrias modernas.

Cao disse que o projeto criou 20 mil vagas de emprego locais, tanto de jornada inteira de trabalho como meio período. Atualmente, a construção da ponte emprega 3.788 trabalhadores locais, contra apenas 467 chineses.

Da mesma forma, a CRBC treinou 5 mil trabalhadores locais para serem empregados em vários postos de trabalho necessários ao projeto, incluindo soldador, dobrador de aço e operador de máquinas, disse Cao.

"Minha nova casa está quase pronta para uso. Vou comprar alguns móveis novos assim que eu receber meu salário deste mês," disse Morgado, 40, um motorista que trabalha no projeto.

Tendo crescido em uma família com outros quatro irmãos, Morgado teve uma infância difícil enquanto seus pais lutavam para manter a família vendendo amido de mandioca. Ele também passou umas boas enquanto fazia bicos.

"Eu trabalhei na África do Sul por 5 anos, mas minha vida ainda era muito difícil. Depois que eu comecei a trabalhar para a CRBC, a minha vida mudou," disse ele sem esconder a alegria de ele e a sua esposa poderem até guardar algum dinheiro.

Enquanto isso, Fernando disse à Xinhua que mesmo seu pai querendo que ele estudasse engenharia, ele decidiu estudar idiomas. "Vou aprender mais inglês e chinês para aumentar minhas chances", disse ele enquanto sorria.