Potencial do mercado do agronegócio brasileiro atrai empresas privadas chinesas

2018-03-23 14:16:05丨portuguese.xinhuanet.com

Por Chen Weihua e Janaína Camara da Silveira

Beijing, 23 mar (Xinhuanet) -- Na última semana, quando foi lançada a pedra fundamental do Porto de São Luís, na capital do estado brasileiro do Maranhão, não eram apenas as empresas que lideram o porto - China Communications Construction Corporation (CCCC), e das brasileiras WPR e Lyon Capital - ou o governo local a comemorarem. Outras companhias envolvidas no projeto também participaram do evento, na expectativa de que a conclusão do porto dê fôlego ao hub logístico no nordeste brasileiro e garanta mais negócios entre o Brasil e a China. É o caso do Grupo Herun, que atua no armazenamento e transporte de produtos agrícolas, e que é parceiro do Porto já nesta fase inicial. Desde 2003, o grupo atua no Brasil na compra de grãos, e com a implementação do porto, a intenção é realizar negócios diretamente com os produtores, levando os produtos à China.

Em entrevista à Xinhua, o presidente do Grupo Herun, Yu Songbo, afirmou que já há quatro navios com capacidade para transportar 180 mil toneladas de grãos - a maior capacidade do Porto de São Luís, quando estiver pronto - até a China. A ideia é fazer os negócios sem intermediários. Hoje, ainda sem base no Brasil, o Grupo Herun já comercializa 3 milhões de toneladas de soja por ano.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, tendo a soja como um dos principais produtos exportados pelos brasileiros. No ano passado, foram enviadas quase 51 milhões de toneladas do grão para a China, um aumento ano-a-ano de 33,3%. As projeções indicam que este negócio deva superar os 100 milhões de toneladas. Além disso, outros países latino-americanos também são pródigos em agronegócios.

Gigantes chinesas do setor já entraram no Brasil, caso da COFCO International, estatal chinesa que atua na negociação e processamento agrícola. Em 2016, grandes grupos privados passaram a ter o Brasil como alvo. O Grupo Dakang Agriculture foi um dos expoentes deste processo, ao adquirir uma empresa agrícola por mais de US$ 200 milhões no estado brasileiro do Mato Grosso.

- O Grupo Herun tem analisado as questões logísticas e o agronegócio no Brasil já há alguns anos. Desde 2003, estamos fortalecendo as trocas com agricultores locais e empresas agrícolas brasileiras. E neste processo, descobrimos que as empresas brasileiras têm um grande potencial de desenvolvimento, mas precisam de mercado. Assim, esperamos amadurecer contatos e garantir que haja aumento de rendimentos de forma mais eficaz para todos”, disse Yu à agência Xinhua.

O Grupo Herun foi fundado em 1979. De lá para cá, desenvolveu as indústrias de processamento de grãos e petróleo, além de logística especializando em grãos, o que inclui a gestão dos grãos no porto e o envio para mercados estrangeiros. Em 2017, o Grupo Herun foi classificado em 113º lugar entre as 500 maiores empresas privadas da China.

- Hoje, no Brasil, compramos soja das tradings tradicionais, como ADM e Bunge. Mas estamos planejando o futuro, e o estabelecimento de uma empresa no Brasil está no horizonte. Neste processo, poderíamos também construir um parque industrial no país e comprar produtos agropecuários diretamente dos brasileiros - revelou Yu.

A participação do projeto com a CCCC no Porto de São Luís é a primeira experiência de cooperação entre o Grupo Herun e uma empresa estatal central chinesa. O investimento total do projeto portuário é estimado em R$ 800 milhões. Deverão ser construídos seis berços, quatro dos quais já na primeira fase, que deverá entrar em operação em quatro anos, com capacidade anual de 10 milhões de toneladas - sete das quais de grãos. Será o porto brasileiro mais importante próximo ao Canal do Panamá.

Atualmente, a maioria dos produtos agrícolas do Brasil são transportados por via rodoviária para os portos do sudeste e sul do país, contornando as costas leste e norte da América do Sul para chegar ao Porto do Panamá. Essa viagem geralmente leva mais de 10 dias.

- Com o porto concluído, haverá uma nova ponte entre Brasil e China. Nossos navios de 180 mil toneladas reduzirão consideravelmente o custo do transporte, o que se traduzirá em rendimentos mais altos para os agricultores brasileiros e reduções para os consumidores chineses", disse Yu.

Em conversações com empresários chineses, incluindo Yu Songbo, o governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que o Maranhao tem um grande potencial na agricultura, para além da soja, do milho e do algodão.

O Grupo Herun afirmou que a construção do porto brasileiro é apenas o primeiro passo na América Latina.

- A América Latina tem recursos ricos da costa, excelentes condições de água e menos desastres naturais, o que é propício para o desenvolvimento de produtos de petróleo e petróleo e indústrias de logística. É uma excelente escolha para o desenvolvimento da indústria de processamento e logística de grãos e petróleo do Grupo Herun. O Brasil e seus países vizinhos, a Argentina e o Uruguai, são importantes, assim como Chile e Peru, entre outros.

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