Procuradora-geral do Brasil qualifica assassinato de vereadora carioca de " atentado à democracia"

2018-03-17 16:44:37丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 17 mar (Xinhua) -- A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou na sexta-feira que o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, "é um atentado à democracia" e criticou a impunidade existente no Brasil, qualificando-a de "elevada".

"Assassinatos de líderes políticos são um atentado à democracia. A vereadora Marielle Franco era uma líder política importante no Rio de Janeiro e era uma líder política porque era defensora dos direitos humanos, dava voz à comunidade, dava voz aos que não têm voz e conseguiu com sua atuação vibrante e expressiva ser a voz da comunidade contra a corrupção policial, contra a corrupção do dinheiro público. Estes dois temas estão unidos", afirmou Dodge à imprensa.

A procuradora-geral da República esteve no Rio de janeiro na quinta-feira para acompanhar o caso e disse que seu gabinete instaurou um monitoramento das investigações que estão sendo feitas. "Temos um país em que o nível de impunidade ainda é elevado. A expectativa é de que acompanhemos todas as investigações com propósito de muita seriedade", ressaltou.

Para Dodge, o atentado contra líderes políticos e a corrupção são exemplos de atentado à democracia.

"Os dois temas estão muito próximos e cabe ao Ministério Público cuidar de ambos. A democracia brasileira é forte, mas ela sofre riscos. A corrupção de verbas públicas, porque desvia recursos públicos, atenta contra a democracia, porque priva os cidadãos dos serviços públicos que deveriam ser financiados por estas verbas. Assim como o assassinato de defensores de direitos humanos e de líderes políticos atenta contra a democracia, porque a priva de vozes que clamam por valores claros à democracia, como a representatividade, a defesa de direitos, a contenção da força. E tudo isso é um papel também que o Ministério Público Federal tem que estar atento", concluiu Dodge.

A vereadora Marielle Franco, de 38 anos, foi assassinada a tiros dentro de um carro no centro da cidade, cerca das 21h30 da quarta-feira, junto com o motorista do veículo em que viajava. Sua assessora, que também estava no veículo, escapou com ferimentos leves de estilhaços.

A vereadora do Partido Socialista e Liberdade (PSOL), quinta mais votada nas eleições municipais de 2016, foi atingida por quatro tiros na cabeça e seu motorista por três. Ambos morreram na hora.

O assassinato, que comoveu o Brasil, levando às ruas em protesto milhares de pessoas no Rio, São Paulo e em todas as capitais do país, ocorreu menos de um mês depois da intervenção militar na Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Michel Temer com o objetivo de acabar com a onda de violência na região, em especial na capital, a "Cidade Maravilhosa",principal atração turística do Brasil.

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