Cinturão e Rota se tornará um importante projeto de desenvolvimento dos países latino-americanos, dizem especialistas brasileiros

2018-03-16 11:04:37丨portuguese.xinhuanet.com

Por Rafael Lima e Liu Guobin

Beijing, 16 mar (Xinhua) -- A Iniciativa do Cinturão e Rota é uma iniciativa ambiciosa que poderá, com o empenho da China, se tornar um importante projeto de desenvolvimento dos países latino-americanos, disse Evandro Menezes de Carvalho, diretor do Centro Brasil-China da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor de Direito Internacional da Universidade Federal Fluminense, no Brasil.

Não se trata de promessa. Os investimentos chineses já estão na América do Sul, já estão no Brasil. A ideia é promover as relações comerciais a partir da construção de estradas, ferrovias, ampliação das malhas aéreas e da via marítima. Isso tem um sentido concreto. Essa infraestrutura e integração do comércio terão como consequência a promoção de um maior contato dos povos", explicou o professor brasileiro em entrevista exclusiva à Xinhua.

A iniciativa do Cinturão e Rota foi proposta pela China em 2013 e é parte dos esforços do país para impulsionar o desenvolvimento de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.

Para Evandro de Carvalho, a abordagem chinesa de promover uma maior cooperação e conectividade com a América Latina, atualmente pautada nos investimentos em setores importantes como energia, infraestrutura, agricultura e petróleo, pode ir um pouco mais além. "É nesse sentido eu levo em consideração o projeto do Cinturão e Rota. Um projeto ambicioso que, se realizado, será uma verdadeira revolução econômica na Ásia e no mundo", disse.

Evandro, que é também uma das maiores referências atuais de China no Brasil, explicou ainda que a política externa chinesa tem um direcionamento voltado para a América Latina e que esse direcionamento é muito diferente dos modelos propostos pelas potências ocidentais. "Essa abordagem [Cinturão e Rota], com a ajuda da China, se for assumida como importante para a economia da América Latina, poderá ser um importante projeto de desenvolvimento dos países latino-americanos. Não se trata de promessa. A questão é dar a esse investimento um sentido de planejamento que favoreça ainda mais o desenvolvimento da região", explicou.

O professor José Medeiros da Silva, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Zhejiang, em Hangzhou, disse que o caminho do desenvolvimento chinês é centrado no princípio da cooperação. É um caminho muito diferente do trilhado por outras potências que dominaram o cenário internacional nos dois últimos séculos. "Ao invés de imposição, a China procura fortalecer seus vínculos de amizade com base no relacionamento econômico, politicamente benéfico. A ascensão econômica da China abre uma nova janela de oportunidade para o fortalecimento da soberania dos países em desenvolvimento, especialmente países como o Brasil. Cabe saber aproveitá-la".

Medeiros, que há mais de dez anos trabalha na China formando jovens chineses que ajudam na construção da ponte econômica e civilizacional entre a China e o mundo lusófono, lembrou que o incentivo da cooperação entre os povos e países em desenvolvimento é uma das principais diretrizes do governo chinês.

"A China tem deixado claro, e isso foi reforçado nessas Duas Sessões, que está aberta à participação de todos os países na construção da Iniciativa do Cinturão e Rota. Claro que essa iniciativa impulsionará também a cooperação sino-latino-americana e levará o desenvolvimento da região a um novo patamar", disse.

Para ambos os especialistas brasileiros, a distância geográfica que separa o Brasil e a América Latina da China não é um impedimento. "A relação Brasil-China já é uma relação que tem vários elementos de densidade", disse Evandro de Carvalho, acrescentando que a China é o maior investidor e parceiro comercial do Brasil e que 25% das exportações brasileiras tem como destino final a China. José Medeiros reforçou ainda que na época atual, os interesses dos povos e dos países estão cada vez mais interligados. "Como tão bem enfatizou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em entrevista recente durante as Duas Sessões, ao se referir sobre as relações entre a China e a América Latina, 'a distância entre o mar e a montanha não é um obstáculo quando se tem uma vontade comum'".

"Quanto mais o Brasil e a América Latina dialogarem e interagirem com a China, mais nos aproximaremos do denominador comum dessa 'vontade', criando novos caminhos para o reforço da amizade entre nossas civilizações e contribuindo para a construção de um mundo onde as diferenças possam ser celebradas e a paz fortalecida", acrescentou José Medeiros.

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