Decisões tomadas pela China repercutem no mundo inteiro e devem ser seguidas com atenção e interesse, diz embaixador português na China

2018-03-14 10:57:23丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 12 mar (Xinhuanet) -- Em entrevista concedida à Xinhuanet, José Augusto Duarte, o novo embaixador de Portugal na China, destaca a importância das decisões da China para o resto do mundo e de como o estreitamento das relações entre Portugal e China podem beneficiar chineses e portugueses.

Em relação às questões discutidas durante as “Duas Sessões” deste ano, Duarte afirma que todos os pontos em debate são de interesse para Portugal. Visto que a China é um grande investidor no país e que estes investimentos geram empregos e dão um contributo muito importante para a economia, todas as decisões que a China toma, seja sobre sua economia ou sobre suas opções estratégicas, geram consequências no mundo inteiro. Deste modo, devem ser seguidas com igual atenção e interesse.

Sobre os investimentos chineses em Portugal, o diplomata afirma que tem havido uma grande evolução desde 2011, com a China se tornando um dos principais investidores no país. Duarte se refere a uma série de empresas estatais e privadas chinesas têm investido e feito suas opções estratégicas em Portugal, nos mais diversos setores, demonstrando uma evolução extremamente significativa de 2011 até agora.

“Estes investimentos aproximam a China de Portugal, aproximam os chineses dos portugueses, criam novas parcerias, novos interesses conjuntos e nós sentimos que juntos temos mais a ganhar do que separados”.

No que se refere aos progressos alcançados nos projetos de cooperação entre China e Portugal, Duarte menciona uma série de acordos em vigor que foram assinados em 2005, enquadrando uma série de desenvolvimentos institucionais em áreas como saúde, economia e ciência. Com o estreitamente das relações desde então, é chegado o momento de reflexão e revisão dos mesmos. “Nós queremos exportar mais para China. Tenho a certeza que quando os cidadãos chineses conhecerem a alta qualidade dos produtos portugueses, comprarão esses produtos”.

O embaixador destaca que a assinatura de mais acordos proporcionaria que produtos portugueses de altíssima qualidade como carne de porco, frutas, vinho e calçados estivessem disponíveis para os consumidores chineses. Da mesma forma, Portugal também deseja importar mais produtos de qualidade da China, fazendo-se necessária a dinamização das trocas comerciais entre os dois países por meio de instrumentos legais.

“Se nós exportamos mais para cá ou importamos mais para Portugal, ficam a ganhar portugueses e chineses. Queremos aproximar essas partes, queremos criar essas mesmas parcerias e vamos trabalhar muito decididamente para reformar e dinamizar alguns acordos que são necessários para legalizar essas trocas comerciais entre os dois países, que só podem beneficiar os chineses e os portugueses”.

No âmbito do Cinturão e Rota, o embaixador afirma que a iniciativa gerou uma expectativa positiva para Portugal. “Vamos trabalhar certamente nesse sentido de estudar a possibilidade da assinatura de um acordo mínimo sobre a Iniciativa do Cinturão e Rota, que em boa hora foi lançada por seu presidente Xi Jinping”.

Ao mencionar a relação histórica entre os dois países, o diplomata ressalta que Portugal tem uma relação de 500 anos com a China sem nunca ter tido um único conflito: “ Foi sempre uma relação com base no respeito mútuo, uma boa compressão, um bom entendimento. Mas, a partir de 2011, esta relação deixou de ser apenas de respeito pelo passado e passou a ser de interesse também pelo presente e pela construção do futuro”.

Sobre o crescimento de 6,9% da economia chinesa em 2017, Duarte revela o desejo de que adoraria que Portugal, assim como os países europeus, tivessem a mesma taxa de crescimento, o que otimizaria toda a economia da zona europeia. O enorme investimento que a China tem nos países do mundo afora e o contributo de sua imensa população para a dinamização do comércio internacional faz com que todo grande crescimento da China tenha consequências para a dinamização da economia mundial.

“O crescimento da China significa crescimento nos outros países e, portanto, o que é bom para a China em termos econômicos e para o cidadão chinês, é certamente uma boa notícia para nós portugueses há muitos milhares de quilômetros de distância. Portanto, esse crescimento econômico é certamente visto com enorme satisfação em Portugal e pelos portugueses”.

Para o diplomata, o advento do 40º aniversário da reforma e abertura da China sinaliza a grande mudança pela qual a China passou nos últimos 40 anos.

“Hoje em dia, a China é mais uma nação do mundo do que era a 40 anos atrás, mais uma nação do mundo em termos econômicos, mais uma nação do mundo em termos de diálogos com os outros e de construção de fato de uma nova era”.

Sobre o futuro do desenvolvimento econômico da China, Duarte aponta que os líderes chineses tem mostrado sabedoria na interação com outros países e conduzido a China a um patamar de desenvolvimento nunca alcançado anteriormente. Espera que o futuro seja a continuação do momento atual e que as qualidades fabulosas do povo chinês, como a disciplina, o trabalho árduo e a capacidade de sacrifício e de luta, e, ao mesmo tempo, a sabedoria da liderança, continuem guiando o país no processo de abertura, globalização e interação econômica com os outros países.

Os trens de alta velocidade e as bicicletas compartilhadas foram citados como exemplos de inovações tecnológicas chinesas que têm impacto ambiental extremamente positivo. O embaixador menciona sua viagem de trem-bala a Shanghai, durante a qual diz ter ficado impressionado com o conforto, a segurança e o impacto ambiental drasticamente reduzido. Manisfesta o desejo de que essa tecnologia seja propagada em outras partes do mundo e em seu próprio país, e que o incremento das trocas comerciais entre os dois países leve Portugal a importar mais produtos chineses de alta qualidade.

Recém-chegado a Beijing, Duarte diz que já havia lido muito sobre a China, assim como assistido muitos filmes e reportagens e que, por isso mesmo, não queria perder a oportunidade de vir ao país. “Não pelo passado, pois eu adoro a história do meu país, da relação do meu país com a China, mas eu não venho pelo passado, eu venho pelo presente e pelo futuro, e porque a China é certamente um país com um imenso presente, mas com um futuro ainda melhor do que o presente que já tem”.

Questionado sobre os lugares que deseja conhecer no país, o embaixador revela seu plano ambicioso: gostaria de visitar tudo! Entretanto, devido ao tempo limitado, afirma que gostaria de visitar lugares com importância histórica, como Xi’an e os guerreiros de Terracota. Guilin e Zhanzhajie figuram em sua lista pelas deslumbrantes paisagens, “é tão bonito que parece irreal”. Harbin e Kashgar revelam um mundo completando diferente, “não conheço nada parecido em meu país”, e por isso depertam sua curiosidade.

Também fala sobre o desejo de conhecer a província de Zhejiang, no leste do país, motivado pelo fato de que a maioria dos imigrantes chineses que vivem em Portugal são oriundos desta província. “Os chineses que foram para Portugal contribuem para o fortalecimento das relações entre portugueses e chineses, são trabalhadores exímios, muito sacrificados, são muito esforçados e importam muitas coisas da China para Portugal e começam a exportar muitas coisas de Portugal para China. Contribuem para o desenvolvimento e o crescimento do meu próprio país, contribuindo ao mesmo tempo com as relações entre os dois países”.

Em relação ao chineses que visitam Portugal, o diplomata destaca que “o chinês, de uma maneira geral, não viaja pela praia e pelo sol, mas sim pelo patrimônio, pelas compras, pela cultura. E, nesse sentido, temos um dos patrimônios mais ricos do mundo para visitar. Há muito monumento de alto interesse arquitetônico e histórico que os chineses podem visitar”.

Além das visitas a monumentos, Duarte também destaca a culinária portuguesa e o futebol como pontos de grande interesse dos turistas chineses no país. “Compras, futebol, cultura, patrimônio, culinária, paisagens naturais fabulosas...Dá para termos, de fato, muitos turistas chineses”. Por fim, afirma que os portugueses gostam efetivamente dos turistas chineses e que estes são, certamente, muito bem-vindos a Portugal”.

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