Gigante chinesa do transporte DiDi promete pensar grande no Brasil

por Zhao Yan

Rio de Janeiro, 20 jan (Xinhua) -- A gigante chinesa de transporte DiDi pretende expandir seus negócios no mercado brasileiro, onde a empresa adquiriu a 99 táxis, do mesmo setor, no início deste mês.

"DiDi e 99, duas empresas jovens fundadas em 2012, vão fazer muito mais unidas", disse recentemente o fundador e CEO da DiDi, Cheng Wei, aos executivos e funcionários brasileiros após a venda.

Clientes da 99 em cerca de 500 cidades em todo o Brasil também foram notificados das mudanças com uma mensagem de texto intitulada "Um dia especial na história da 99".

"A partir de agora, você terá ainda mais benefícios com o uso da 99, porque teremos mais tecnologia e mais recursos financeiros para lhe oferecer um serviço cada vez melhor", disse a mensagem.

A startup 99 é pioneira em seu campo no Brasil, com cerca de 300 mil motoristas e 14 milhões de usuários cadastrados.

Depois de comprar uma participação estratégica de 10% na empresa sul-americana há alguns anos, a DiDi "enviou engenheiros e técnicos para o Brasil para trabalhar com colegas da 99, com o objetivo de aperfeiçoar os produtos, serviços e operações da empresa brasileira", disse à Xinhua Gu Tao, vice-presidente e diretor da DiDi para a América Latina.

O investimento se pagou no ano passado com o lançamento do 99 POP, um serviço que permite aos usuários chamar um carro para visitar a cidade.

Tendo em conta as condições locais, os investimentos do setor privado da China no exterior amadureceram para trazer mais benefícios mútuos para os países de destino do investimento e para a China, disse ele.

"Então, quando as empresas internacionais da China entram no mercado brasileiro, elas ajudam no desenvolvimento de empresas locais", disse Gu.

"Esperamos que as tecnologias para o transporte inteligente, como semáforos inteligentes e pistas reversíveis, que já têm sido utilizadas com sucesso em mais de 20 cidades chinesas, ajudarão a resolver problemas em grandes cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro" disse ele.

Matheus Moraes, diretor de políticas e comunicação da 99, acredita que a fusão das duas empresas beneficiaria ambos.

"Estou muito orgulhoso com o acordo. A DiDi já é um dos nossos principais parceiros estratégicos, contribuindo para o sucesso da 99 no país", disse Moraes.

"Nos sentimos privilegiados por ser hoje uma organização com um objetivo ainda mais forte: melhorar a indústria do transporte e a qualidade de vida dos cidadãos", disse Moraes.

Além disso, ele considerou a aquisição como um reflexo da cooperação internacional em uma nova era.

"Nós somos agora uma empresa global [..] Nós compartilhamos o mesmo objetivo, os mesmos critérios e a mesma missão. Estamos extremamente confiantes de que em conjunto alcançaremos maiores resultados", disse Moraes.

"Nós planejamos consolidar a organização da DiDi na América Latina e estamos buscando um futuro com cidades mais inteligentes através das nossas capacidades de AI (inteligência artificial)", disse Moraes.

Como uma "empresa global, aspiramos redefinir o futuro da mobilidade em todo o mundo. Nos esforçamos para proporcionar um melhor serviço de transporte para milhões de pessoas, ajudando-as a avançar rápida e seguramente. Nossa missão é ser um líder global em sistemas de transporte inteligente", disse Moraes.

O concorrente global, Cabify, uma empresa espanhola que no ano passado adquiriu as operações da Easy Taxi no Brasil, acredita que a fusão entre 99 e a DiDi beneficiará o setor de transporte em geral.

O chefe da Cabify no Brasil, Daniel Bedoya, disse que "a aquisição da 99 por uma empresa chinesa quebra o domínio do Uber (mercado). Ela representa uma consolidação do setor, proporcionando um ambiente mais equitativo para a concorrência e mais opções para os clientes".

Bedoya também disse que as empresas do setor não devem competir em termos de preços, mas em qualidade de serviço, para fornecer aos usuários passeios mais confortáveis e maiores conveniências.