Tropas turcas entram em Afrin no segundo dia de ofensiva

2018-01-23 14:35:33丨portuguese.xinhuanet.com

Soldados turcos preparam seus veículos blindados perto da fronteira sírio-turca no distrito de Reyhanli, em Hatay, Turquia, em 21 de janeiro de 2018. Tropas terrestres turcas entraram no domingo em Afrin, na Síria, no segundo dia de uma ofensiva contra a milícia curda apoiada pelos EUA, que deveria ser encerrada em breve, disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. (Xinhua)

Ancara, 21 jan (Xinhua) -- As tropas terrestres turcas entraram no domingo em Afrin, na Síria, no segundo dia de uma ofensiva contra a milícia curda apoiada pelos EUA, que deveria ser encerrada em breve, disse o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

A Turquia lançou no sábado uma operação denominada "Operação Olive Branch" com intensos ataques aéreos e bombardeios que procuram expulsar da região de Afrin, no norte da Síria, as Unidades de Proteção Popular (YPG), que Ancara considera como um grupo terrorista afiliado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Ancara ficou irritada com a expansão da YPG no norte da Síria, temendo que o partido possa criar um estado de fato na sua fronteira, e declarou sua ofensiva militar como uma medida para proteger a população local de Afrin das garras de ambições curdas sectárias.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse à imprensa em Istambul que as tropas cruzaram a região controlada pela YPG na Síria às 11h01 (hora local) (0805 GMT) da Turquia.

A artilharia turca e os aviões de guerra encurralaram locais da YPG em torno de Afrin, um total de 153 alvos, incluindo refúgios YPG e depósitos de munição foram atingidos, de acordo com um comunicado do exército.

A agência estatal Anadolu disse que as tropas turcas estavam avançando ao lado das forças do pró-Ancara rebeldes do Exército Sírio Livre (FSA) e já estavam a 5 km dentro da Síria no domingo à tarde.

De acordo com Yildirim, há quase "8.000 a 10.000 terroristas" em Afrin.

Erdogan saudou a operação dos militares turcos no domingo durante uma manifestação política na província de Bursa, no noroeste, dizendo que a "YPG estava fugindo".

Ele também disse que esta operação será completada "em um tempo muito curto," sem dar um limite de tempo preciso.

A operação é a segunda grande incursão da Turquia na Síria durante a guerra civil de sete anos após a operação Escudo de Eufrates entre agosto de 2016 e março de 2017, em uma área a leste de Afrin contra combatentes da YPG e do Estado Islâmico (IS).

O exército disse que o IS, amplamente derrotado na Síria e no Iraque, também era alvo dessa operação.

Erdogan havia repetidamente jurado que o país erradicaria os "ninhos de terror" da YPG na Síria.

Afrin é um enclave sob o controle da YPG, cortado da faixa mais longa do norte da Síria, que o grupo controla para o leste estendendo-se até a fronteira iraquiana. A Turquia quer que a YPG se retire do leste do rio Eufrates, de modo a "não representar uma ameaça à segurança".

Yildirim disse que as forças turcas visavam criar uma zona de segurança de 30 km de profundidade dentro da Síria e que o exército turco até agora não sofreu perdas.

Enquanto isso, seis foguetes disparados pela YPG atingiram as cidades fronteiriças de Kilis e Reyhanli no domingo, matando um imigrante sírio e ferindo cerca de 30 pessoas, de acordo com autoridades locais.

A Turquia também lançou uma campanha diplomática em Ancara para explicar os motivos da operação às principais potências, disse uma fonte turca à Xinhua.

O Ministério das Relações Exteriores disse que informou Damasco, mas o regime sírio, que está em desacordo com a Turquia, negou fortemente isso, denunciando a operação como uma "agressão brutal".

Não houve comentários imediatos dos Estados Unidos sobre a ofensiva, mas, antes do seu lançamento, um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA levantou preocupações, que arriscavam prejudicar a segurança regional.

A Rússia, que é um jogador-chave na Síria e tem uma presença militar na área, ainda não expressou uma posição clara sobre a operação turca, enquanto os especialistas insistem que Moscou deu a Ancara um sinal positivo tácito.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifestou sua preocupação e pediu a Turquia para mostrar restrições. O Ministério da Defesa russo disse que suas tropas se retiraram de Afrin para garantir sua segurança e evitar qualquer "provocação".

"A Rússia pode ter dado sinal positivo por agora, mas isso não significa que Moscou irá ignorar completamente a milícia curda síria", observou o especialista da Rússia, Kerim Has, da Universidade de Moscou. Ele acreditava que a Rússia desempenharia um papel na reconstrução política da Síria.

Os Estados Unidos, o aliado turco da OTAN, advertiram sobre a operação contra a YPG a quem está emprestando apoio militar na luta contra o IS, um movimento que irritou ferozmente Ancara.

A Turquia, que tem laços tensos com Washington, denunciou com veemência os planos dos EUA para ajudar a construir uma "força de segurança fronteiriça" liderada por curdos na Síria, acusando que isso colocaria um "exército terrorista" nos portões da Turquia.

Erdogan disse em Bursa que a milícia da YPG não pode confiar mais no apoio dos EUA para derrotar a Turquia e acusou alguns aliados da Turquia sem nomear, mas claramente se referindo a Washington, de ter fornecido "aviões com cargas, caminhões de armas e munições aos terroristas".

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