Análise: Merkel precisa refletir sobre amarga vitória dos conservadores

2017-09-25 15:20:31丨portuguese.xinhuanet.com

Berlim, 24 set (Xinhua) -- Como amplamente esperado, o bloco conservador CDU/CSU de Angela Merkel ganhou novamente a maioria dos votos nas eleições federais alemãs no domingo, mas ela precisa refletir o que está por trás de sua amarga vitória.

De acordo com uma pesquisa preliminar, o bloco conservador CDU/CSU ganhou 32,5% do total de votos, ficando aquém das expectativas com uma diferença de 9 pontos percentuais em comparação com as eleições de quatro anos atrás. Seu principal rival, o Partido Social Democrata (SPD), ganhou apenas 20%.

Mas a maior surpresa foi feita pelo populista de extrema direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), que ganhou 13,5% dos votos e entrou no Parlamento alemão pela primeira vez como um partido de extrema direita.

"O resultado mostrou que o próximo governo alemão enfrentará desafios," disse à Xinhua, Hajo Funke, professor da Universidade Livre de Berlim.

Funke disse que até certo ponto o resultado é um reflexo do fracasso parcial do grande governo de coalizão entre o Partido da União e o SPD nos últimos quatro anos, principalmente em questões internas, já que o governo não conseguiu abordar o suficiente a diferença entre os ricos e os pobres.

Embora a economia alemã esteja crescendo e desfrutando alguns dos melhores tempos desde a crise financeira global de 2008/2009, o fosso entre os ricos e os pobres está aumentando. De acordo com uma pesquisa da mídia alemã, a justiça social tornou-se o segundo maior problema social no país, logo após os problemas com refugiados.

Não só o problema entre os ricos e os pobres, mas também entre as diferentes regiões. De acordo com o jornal Bild, cerca de 27% dos eleitores do sexo masculino no leste da Alemanha emitiram suas cédulas para o AfD, a proporção mais alta entre todas as partes. A Alemanha Oriental tem as regiões menos desenvolvidas.

"Os preços estão subindo, o aluguel está aumentando, mas nossos salários estão aumentando tão rápido quanto o custo de vida," disse o trabalhador em manutenção, Stephen Norman, de 52 anos, que votou no AfD.

"Sou muito tributado, e todos os alemães são fortemente tributados, não queremos usar nosso dinheiro para ajudar os refugiados. Isso é injusto," Norman disse à Xinhua.

"Perdemos muitos eleitores porque ficaram insatisfeitos com a política da CDU, como a política de refugiados. Mas eles mudaram para o AfD, não porque acreditassem que o AfD pode fornecer soluções, mas como expressão de sua insatisfação," disse Andreas Quebbemann, membro do parlamento estadual em Niedersachsen, à Xinhua.

Muitos apoiadores do AfD também acreditavam que, apesar de não discordarem que os muçulmanos vivessem como seus vizinhos, se milhões de imigrantes muçulmanos vierem para a Alemanha, o país iria desmoronar.

Além disso, alguns deles acreditavam que todos os outros partidos alemães convergiam. Eles apoiaram o AfD apenas porque querem um partido diferente.

Funke disse que esses problemas precisam do novo governo para resolver com mais esforços, especialmente se preocupando mais com as crianças, os pobres e outras pessoas se tornando marginalizados em uma tentativa de conter os sentimentos de insegurança social em uma economia em expansão.

Como Merkel disse depois das eleições, ela tentará recuperar todos os apoiantes do AfD "com boas políticas".

Embora a crise dos refugiados tenha ultrapassado o seu pico, ela é, como alguns meios de comunicação chamaram, o calcanhar de Aquiles para Merkel. A Alemanha conseguiu lidar com os impactos sociais e econômicos trazidos por mais de um milhão de refugiados, mas é verdade que alguns terroristas também entraram na Alemanha e lançaram uma série de ataques aqui.

Os especialistas acreditavam que o novo governo precisa levar em consideração as pessoas que foram mais afetadas pelos imigrantes e proteger os imigrantes legais, lutando contra os ilegais e fazendo políticas mais efetivas para enviar para casa os requerentes que não conseguiram asilo.

No entanto, como uma moeda tem seus dois lados, o resultado da eleição também mostrou alguns sinais positivos para o futuro.

Tendo servido como chanceler alemã por 12 anos, Merkel lidou com uma série de crises, desde a crise financeira em 2008/2009, até a crise do euro e a mais recente crise de refugiados, mas conseguiu lidar com eles sem deixar uma Alemanha e talvez uma UE como um todo no caos.

Alguns eleitores acreditavam que em um mundo cheio de incertezas, Merkel pode continuar a manter a estabilidade da Alemanha. Mesmo entre aqueles que não gostaram dela, alguns pensaram que talvez Merkel não fosse a melhor escolha, mas não havia outra alternativa que comparasse com sua competência.

É por isso que Merkel poderia vencer nas eleições, de acordo com Funke.

"Merkel é uma gestora de crise experiente que leva a Alemanha como mãe do país. Isso é algo que atende às necessidades de segurança dos alemães," disse o Dr. Oskar Niedemayer, professor da Universidade Livre de Berlim.

"Então, para muitos eleitores, por que eu deveria mudar os cavalos em uma situação tão incapacitante?" perguntou Niedemayer.

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